ATA DA VIGÉSIMA TERCEIRA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 19.04.1989.

 


Aos dezenove dias do mês de abril do ano de mil novecentos e oitenta e nove, reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Vigésima Terceira Sessão Ordinária da Primeira Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura. Às quatorze horas e quinze minutos foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adroaldo Correa, Airto Ferronato, Artur Zanella, Cyro Martini, Décio Schauren, Dilamar Machado, Edi Morelli, Elói Guimarães, Ervino Besson, Flávio Koutzii, Gert Schinke, Giovani Gregol, Heriberto Back, Jaques Machado, João Dib, João Motta, José Alvarenga, José Valdir, Lauro Hagemann, Leão de Medeiros, Letícia Arruda, Luiz Braz, Luiz Machado, Mano José, Nelson Castan, Omar Ferri, Valdir Fraga, Vicente Dutra, Vieira da Cunha, Wilson Santos, Wilton Araújo e Nereu D’Ávila. Constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e solicitou ao Ver. Luiz Machado que procedesse à leitura de trecho da Bíblia. A seguir, o Sr. Secretário procedeu à leitura das Atas da Vigésima Segunda Sessão Ordinária e da Quinta Sessão Solene que, juntamente com a Ata da Vigésima Primeira Sessão Ordinária, foram aprovadas. À Mesa foram encaminhados: pelo Ver. Cyro Martini, 01 Pedido de Providências, solicitando que os pontos de partida das linhas de ônibus que servem ao IPÊ I e II e à CEFER I e II voltem às origens no interior daquelas comunidades, bem como seja criada a linha de ônibus Vila Brasília; 01 Indicação, sugerindo ao Exmo. Sr. Presidente da República que seja reconhecido pelo Sistema Nacional de Trânsito o ensino de trânsito desenvolvido nas escolas, especialmente as de 2º Grau, no que concerne aos exames de legislação de trânsito e de direção veicular; 03 Pedidos de Informações, acerca da segurança e vigilância nas escolas municipais; do abastecimento de água potável, por condutos hidráulicos, às residências localizadas na Vila São Guilherme, Morro da Cruz, Partenon; dos planos de pavimentação da Rua Souza Lobo, trecho entre a Av. Saturnino de Brito e a Rua Conde da Figueira; para Ver. Edi Morelli, 01 Pedido de Informações, acerca dos transportadores escolares do Município; pelo Ver. Ervino Besson, 05 Pedidos de Providências, solicitando patrolagem na Rua Amapá; melhoria no transporte coletivo da Rua Otto Niemeyer; maior fiscalização dos táxis-lotação na Rua Coronel Massot; limpeza urbana na Travessa Escobar; quebra-molas no início e final da Travessa Escobar; pelo Ver. Jaques Machado, 01 Indicação, sugerindo ao Sr. Governador do Estado a instalação de um telefone público tipo “orelhão” na Av. Farrapos nº 3781; pelo Ver. Leão de Medeiros, 01 Pedido de Providências, solicitando colocação de quebra-molas na Rua Homem de Melo, em frente aos nºs 16 e 116; 01 Pedido de Informações, acerca do Decreto nº 9394/89; pela Verª. Letícia Arruda, 01 Pedido de Providências, solicitando recapagem com asfalto em toda a extensão da Rua do Parque; 03 Indicações, sugerindo ao Sr. Governador do Estado a instalação de um telefone público, tipo “orelhão”, na Rua Circular nº 312, em frente a um armazém; providências para os problemas existentes na Escola Estadual de 1º Grau Dr. Emílio Kemp, localizada na Rua Monteiro Lobato s/nº; providências para a resolução dos problemas existentes na Escola Estadual de 1º Grau Açorianos situada na Rua Salvador Pinheiro s/nº; 01 Pedido de Informações, acerca da Lei Municipal nº 6056/87; pelo Ver. Luiz Machado, 02 Pedido de Providências, solicitando que seja incluído, na linha original da COHAB-Cavalhada, o trajeto pela Azenha-João Pessoa, pela permissionária Empresa VTC; substituição de uma lâmpada em ponto de iluminação pública na 1ª Unidade Vicinal da Restinga, acesso “I”, 951; pelo Ver. Omar Ferri, 01 Pedido de Providências, solicitando recapeamento do Túnel da Conceição. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 288; 289; 290; 291/89, do Sr. Prefeito Municipal; 20/89, da Câmara Municipal de Guarani das Missões; 01/89, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região. Após, foi aprovado Requerimento do Ver. Clóvis Brum, solicitando Licença para Tratamento de Saúde no período de dezenove a vinte e um do corrente. Em continuidade, o Sr. Presidente convidou os presentes a assistirem, de pé, a indicação do nome parlamentar, a entrega do Diploma e da Declaração de Bens e a prestação do compromisso legal do Suplente João Bosco e, informou que S. Exa. passaria a integrar a Comissão de Justiça e Redação. Ainda, o Sr. Presidente comunicou que o Ver. Clóvis Brum indicou, para substitui-lo na Liderança da Bancada do PMDB, o Ver. Luiz Machado. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. João Dib registrou o transcurso, hoje, do aniversário de Getúlio Vargas, dizendo ter sido ele um dos maiores estadistas que o Brasil já teve e merecer seu trabalho a homenagem constante de todo o povo brasileiro. O Ver. Luiz Braz, falando também em nome do Ver. Artur Zanella, comentou o aniversário, hoje, de Getúlio Vargas, ressaltando o grande amor pela pátria sempre demonstrado no trabalho realizado por aquele estadista. O Ver. Vieira da Cunha, destacando que seu Partido não poderia deixar de registrar a data de nascimento de Getúlio Vargas, discorreu sobre a importância desse político para a história brasileira e declarou ser o PDT o Partido que se propõe a defender e dar continuidade aos seus ideais trabalhistas. O Ver. Luiz Machado, disse ter Getúlio Vargas honrado as tradições gaúchas de defesa dos ideais de liberdade e justiça, rendendo a homenagem de seu Partido ao ex-Presidente do Brasil. E o Ver. Flávio Koutzii declarou que, apesar das divergências de visão e encaminhamento de lutas de seu Partido, o PT reconhece a importância de Getúlio Vargas para as lutas trabalhistas do País. Comentou o significado político do suicídio de Getúlio Vargas. Após, o Sr. Presidente informou que, a Requerimento, aprovado, do Ver. Gert Schinke, o Grande Expediente da presente Sessão seria dedicado a homenagear o transcurso do décimo oitavo ano de fundação da AGAPAN, Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural, e solicitou aos Líderes de Bancada que conduzissem ao Plenário as autoridades e personalidades presentes. Compuseram a Mesa: Ver. Valdir Fraga, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Sr. Celso Marques, Presidente da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural; Ver. Lauro Hagemann, 1º Secretário da Casa. A seguir, o Sr. Presidente concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Ver. Vieira da Cunha, em nome da Bancada do PDT, discorrendo sobre a importância da preservação do meio ambiente para a sobrevivência humana, falou sobre o surgimento da AGAPAN e sua luta em prol do ambiente natural. O Ver. Luiz Machado, em nome das Bancadas do PMDB, PTB e PDS, teceu comentários sobre a fundação, há dezoito anos, da AGAPAN, dizendo possuir essa associação, atualmente, o respeito de toda a população por sua busca de proteção do meio ambiente. Destacou o nome de José Lutzemberguer, um dos fundadores da AGAPAN. O Ver. Omar Ferri, em nome da Bancada do PSB, analisou a destruição gradativa do ecossistema pelo ser humano, atentando para o fato de que essa destruição representa o fim da raça humana e de toda a vida terrestre. Lembrou a luta de Chico Mendes pela preservação da Amazônia e atentou para a estreita relação entre a ecologia e a política de um país. O Ver. Wilson Santos, em nome da Bancada do PL, dizendo ser o grau de proteção ao meio-ambiente um ponto a considerar na medição do nível de civilidade de um país, saudou a AGAPAN pelo trabalho realizado nesta área. Atentou para o exemplo dado pela Riocell, como empresa que conseguiu um bom nível de coexistência entre capitalismo e proteção ambiental. E o Ver. Gert Schinke, em nome das Bancadas do PT e PCB, teceu comentários sobre a criação e as lutas da AGAPAN contra a concepção de desenvolvimento capitalista existente no País. Analisou as dificuldades enfrentadas por essa entidade, principalmente na época ditatorial, na sua busca de conscientização da nossa comunidade acerca da importância da preservação do meio-ambiente. Historiou, detalhadamente, as diversas etapas cumpridas pela entidade, desde o desencadeamento da discussão ecológica na Imprensa, até sua participação na Constituinte. A seguir, o Sr. Presidente concedeu a palavra ao Sr. Celso Marques que, em nome da AGAPAN, discorreu sobre as lutas ecológicas do País, ressaltando a relação existente entre a ecologia e a política. Em prosseguimento, o Sr. Presidente agradeceu a presença do Sr. Celso Marques e dos demais assistentes. Após, foi aprovado Requerimento verbal do Ver. Valdir Fraga, solicitando a inversão da ordem dos trabalhos, passando-se ao período de PAUTA. Em Discussão Preliminar, estiveram, em 1ª Sessão, o Projeto de Resolução nº 02/89; os Projetos de Lei do Legislativo nºs 25, 26/89; 115/89; em 2ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 21; 23; 20; 22; 24/89; o Projeto de Lei do Executivo nº 165/89; o Projeto de Li Complementar do Executivo nº 01/89; em 3ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 14; 02; 10; 15; 03; 05; 16; 17/89. A seguir, constatada a existência de “quorum”, foi iniciada a ORDEM DO DIA. Em Discussão Geral e Votação, Urgência, foi aprovado o Projeto de Lei do Executivo nº 171/89. Em Discussão Geral e Votação Secreta esteve o Projeto de Lei do Legislativo nº 181/88, que, a Requerimento, aprovado, do Ver. Wilton Araújo, teve adiada sua discussão e votação por duas Sessões. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de Lei do Executivo nº 78/88. Ainda, foram aprovados os seguintes Requerimentos: do Ver. Artur Zanella, de Votos de Congratulações com Arqui Sul Arquitetura Construções Ltda., pela passagem de seu aniversário; com Luiz Rotilli Teixeira, pela edição do livro “Porto Alegre é Alegre Tchê?”; de Votos de Pesar pelos falecimentos de Milton Guimarães Guerreiro; de Nelly Sayago Cacciatore; do Ver. Flávio Koutzii, solicitando que os Projetos de Lei do Executivo nºs 78 e 171/88 sejam dispensados de distribuição em avulsos e interstício para suas Redações Finais, considerando-as aprovadas nesta data; do Ver. Giovani Gregol, de Moção de Repúdio ao Presidente da República Federativa do Brasil, ao Governador do estado do Rio Grande do Sul e ao Secretário Estadual de Segurança, pela forma negligente como estas autoridades trataram as denúncias de agricultores sem terra ao Acampamento Rincão do Ivaí, sobre a morte, por envenenamento, de cinco crianças filhos de acampados; do Ver. Leão de Medeiros, de Voto de Congratulações com a Construtora e Incorporadora Dockhorn Ltda, pelo recebimento do Troféu “Medalha de Ouro à Qualidade do Brasil 1989”, conferido pela Intermaster, Agentes Internacionais e Master Leader’s Club em associação com a revista Sud América de Comércio Exterior; do Ver. Luiz Machado, de Voto de Congratulações com a Dra. Eunice Costa, por ser empossada Presidente da FEBEM; de Voto de Pesar pelo falecimento das cento e oito pessoas no jogo entre as equipes inglesas do Liverpool x Nottingham Forest; do Ver. Nelson Castan, de Voto de Congratulações com a BCM Engenharia, pela contribuição que tem dado ao desenvolvimento da informática no nosso Estado, com a conseqüente ajuda ao crescimento industrial do Rio Grande do Sul. Em COMUNICAÇÕES, o Ver. Airto Ferronato saudou o Ver. João Bosco pela posse e exercício da Vereança. Comentou reunião do PMDB, a realizar-se hoje à noite, a nível nacional, e que deverá escolher o candidato desse Partido que disputará a presidência da República; enumerando realizações do governo de Pedro Simon, defendeu sua candidatura como a única com condições de chegar ao segundo turno dessas eleições e à Presidência da República. O Ver. Giovani Gregol, fez pronunciamento alusivo ao Dia Nacional do Índio; criticou a publicidade que se dá à referida data, apenas como data cívica, e declarações do Ministro Ronaldo Costa Couto acerca da preservação da Amazônia e dos indígenas brasileiros; denunciou redução de terras dos índios yanomani, habitantes da fronteira do Brasil com a Venezuela, por deliberação da FUNAI, para que garimpeiros ocupem aquela área com o fim exclusivo de explorá-la inadequadamente; e defendeu a garantia de sobrevivência dos indígenas brasileiros e suas respectivas culturas. E o Ver. Luiz Machado, denunciou ação da Prefeitura Municipal de notificação e autuação de pequenos comerciantes da orla do Guaíba, em Ipanema. Salientou que a Administração deveria, antes de fechar os trinta e cinco estabelecimentos notificados, ouvir a comunidade e aprazá-la. Enfatizou, ainda, que a Administração da Frente Popular vem sendo demasiado rigorosa com os pequenos comerciantes, enquanto permite a instalação de supermercado do Poko Preço na Restinga, segundo S. Exa., irregularmente. Em EXPLICAÇÕES PESSOAIS, o Ver. Adroaldo Correa criticou e contraditou “Informe Especial”, publicado no jornal Zero Hora de hoje, acerca do reajuste dos subsídios dos Vereadores desta Casa, afirmando se tratar de uma notícia que distorce a realidade e é inverídica. Instou, ainda, na necessidade desse jornal reparar o erro de informação e restabelecer o devido respeito a esta Casa, a qual vem trabalhando em defesa dos interesses do povo. O Ver. Vieira da Cunha, reportou-se ao pronunciamento anterior do Ver. Adroaldo Correa, afirmando que a Bancada do PDT alia-se ao protesto de S. Exa. repudia a notícia publicada pelo diário Zero Hora; leu trecho da Constituição Federal que trata dos subsídios dos parlamentares e propugnou por prévio esclarecimento de notícias às respectivas veiculações. Asseverou, ainda, que a população deve receber os devidos esclarecimentos, cabendo ao referido jornal desfazer a imagem equivocada. O Ver. José Valdir, reportou-se a pronunciamento de S. Exa. em outra data, acerca da relação da desnutrição dos alunos e a aprendizagem; leu correspondência recebida da Sociedade de Pediatria do RS, afirmando que esse documento ratifica suas posições relativas à merenda escolar e que a desnutrição é apenas uma das facetas que dificultam o aprendizado; lembrou, ainda, que a merenda escolar não altera determinantemente a questão da desnutrição. E o Ver. Dilamar Machado, reportando-se ao pronunciamento de hoje do Ver. José Valdir, em Explicações Pessoais, afirmou que S. Exa. não havia entendido a intenção do Projeto educacional do PDT, e que o referido projeto pretendia atingir a totalidade de assistência necessária à criança, através dos CIEMs. Contraditou posições do Ver. José Valdir e asseverou que a desnutrição é determinante na aprendizagem e que a merenda escolar, reconhecidamente, é insuficiente, mas necessária. Defendeu os CIEMs como o modelo de escola ideal e como uma conquista das populações das áreas periféricas. Nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente levantou os trabalhos às dezessete horas e vinte e dois minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Extraordinária a realizar-se logo a seguir. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Valdir Fraga e Lauro Hagemann, e secretariados pelo Ver. Lauro Hagemann. Do que eu, Lauro Hagemann, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelo Sr. Presidente e por mim.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga): Em face do licenciamento do Ver. Clóvis Brum, nos dias 19, 20 e 21 do corrente, assumirá a vereança, em substituição, o Sr. João Bosco Vaz, Suplente pelo PMDB.

Solicito aos Srs. Líderes de Bancada que introduzam no Plenário o Sr. João Bosco Vaz.

 

(O Sr. João Bosco Vaz dá entrada no Plenário.)

 

O SR. PRESIDENTE: Solicito a V. Exª que entregue à Mesa o seu Diploma de Vereador e sua Declaração de Bens.

 

(É feita a entrega dos documentos solicitados.)

 

O SR. PRESIDENTE: Convido o Plenário e todos os presentes que assistam, de pé, o compromisso que S. Exª irá prestar neste momento.

 

O SR. JOÃO BOSCO VAZ: (Lê.) “Prometo cumprir a Lei Orgânica do Município de Porto Alegre, defender a autonomia municipal e exercer com honra, lealdade e dedicação o mandato que me foi conferido pelo Povo.” (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE: Declaro empossado o Sr. João Bosco Vaz no cargo de Vereador e convido-o a tomar assento em sua Bancada. Sua Excelência usará o nome parlamentar de João Bosco e integrará a Comissão de Justiça e Redação.

Aproveitamos para comunicar também que o Ver. Clóvis Brum, Líder, indica para assumir o seu lugar na Liderança, o Ver. Luiz Machado. Deixou por escrito a indicação do Ver. Luiz Machado que a partir desse momento é o Líder da Bancada do PMDB nesta Casa.

Nós temos agora no Grande Expediente um período que foi solicitado pelo Ver. Gert Schinke, para comemorarmos o transcurso do 18º aniversário da Agapan. Nós estamos aguardando os convidados e inclusive o Ver. Gert Schinke. Eu gostaria que a Liderança do PT tomasse as devidas providências, até para que nós possamos saber se já se encontra na Casa algum representante da Agapan, ou se o Ver. Gert Schinke está para chegar ou está aguardando os convidados na sua sala, porque ontem aconteceu com o Ver. Vicente Dutra. E a Mesa está decidindo, nesse momento, dar tempo de Liderança já, por pedido do Ver. João Dib, tendo em vista que não se encontrava na Casa o Ver. Gert Schinke, mas que agora está chegando, com um representante da Agapan. Então vamos ouvir as duas Lideranças que solicitaram o tempo, Ver. João Dib e o Ver. Luiz Braz do PTB. E permanece na Casa, ouvindo, se assim desejar, o nosso companheiro representante da Agapan. Logo a seguir, iniciaremos a solenidade em homenagem à Agapan.

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. João Dib em Comunicação de Líder.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, vim para esta Casa em março de 1971, e desde então todos os anos, a 19 de abril e a 24 de agosto, a oposição ao meu tempo de ARENA e MDB, e depois o PDT, pedia uma Sessão Solene em homenagem àquele que foi um dos maiores estadistas deste País, homenagem a Getúlio Vargas, que hoje aniversaria. Tenho gravada uma frase de Getúlio Vargas que eu acho da mais alta importância no momento em que ela foi pronunciada aqui em Porto Alegre, numa formatura da Faculdade de Medicina, mas que está valendo hoje e há de valer sempre. Dizia Getúlio Vargas nesta solenidade: “É preciso trabalhar, trabalhar com dignidade, trabalhar com abnegação, trabalhar como trabalham as abelhas que fabricam o mel, não para si, mas para a colméia.” Estas palavras ditas por esta figura extraordinária se manterão ao longo dos tempos como verdadeiras, porque na realidade nós devíamos nos preocupar um pouco mais com o nosso semelhante, nos preocupar muito mais com a nossa Cidade, com o nosso Estado e com o nosso País. Na realidade nós temos que trabalhar não para nós, mas para nossa coletividade. E no momento em que nossa coletividade cresça, nós também, nossos filhos, nossos parentes, nossos amigos, haverão também de crescer. E é por isso que hoje estranhamente pouca gente falou em Getúlio Vargas. Getúlio Vargas foi um estadista, quando o mundo tinha estadistas. Hoje o mundo se ressente de estadistas. Getúlio Vargas foi um estadista ao lado de Roosevelt, De Gaulle, Churchill, Chamberlein, Hitler, Mussolini, por que não? Homens que tinham liderança no mundo e hoje o nosso mundo tem cada vez menos líderes. Getúlio Vargas, portanto, é um marco da história do País. A história do País não pode ser contada sem tudo aquilo que realizou Getúlio Vargas, um homem que se preocupou com o trabalhador, mas também se preocupou com o trabalho. Um homem que fez leis, que legislou, que teve o poder nas mãos e usou em benefício de sua Pátria. Um homem que deixando o governo, pessoalmente, ninguém podia criticá-lo. Se falhas houve nos seus dois governos, ninguém atribui a ele, porque ele era um patriota, era um homem que amava a pátria. E esse nome, é conveniente que os nossos estudantes, que as nossas crianças, tenham sempre em conta, porque é um exemplo de patriotismo, um exemplo de preocupação com a sua pátria, um exemplo de nacionalista equilibrado, inteligente e que sabia colocar o País acima de todas as suas coisas. Um homem que produziu uma frase também maravilhosa que todos aqueles que sobem as escadas da Prefeitura lá encontram, em letras metálicas, se não me engano, mandado colocar pelo Prefeito Leonel de Moura Brizola: “O trabalho é o maior fator de elevação da dignidade humana.” E nós só seremos dignos quando acompanharmos exemplos de figuras maravilhosas como a desse patriota que hoje o PDS, através de sua Bancada, está homenageando nesta Casa, onde Getúlio sempre foi homenageado. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Luiz Braz.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu falo também em nome do Ver. Artur Zanella, pois não poderia deixar passar esta data de aniversário de Getúlio Vargas para que nós reverenciássemos a sua memória. Não a de um homem que nunca cometeu erros, porque a própria decisão do suicídio, é claro que é uma interpretação muito subjetiva, mas, já foi um erro. Mas de um homem que soube amar a sua pátria, de um homem que soube enfrentar uma situação que vinha-se arrastando por muitos e muitos anos. Falo, também, em nome do PL, pois estou recebendo acenos do Ver. Wilson Santos. Mas Getúlio soube enfrentar uma situação economicamente desfavorável. E na Carta-Testamento, Ver. João Dib, ele já dizia que enfrentava o lucro das empresas que já atingia a cifra de 500% ao ano. Quando nós lembramos deste exemplo de Getúlio Vargas, vamos lembrar dos balancetes, hoje, dos nossos bancos, de empresas multinacionais e por que não dizer, aproveitando aqui para saudar o nosso amigo, conceituado Jornalista João Bosco Vaz, até das empresas jornalísticas, que tanto criticaram hoje o aumento dos Vereadores, lucros acima de 1.000%. E Getúlio Vargas, já naquela época, criticava e dizia das suas ações necessárias e um dos motivos, os lucros acima de 500% das empresas daquela época. Foi um homem que teve coragem de combater o capital internacional. Foi um homem que teve coragem de dar dignidade ao trabalhador. Foi um homem que teve coragem de trazer a igualdade para a mulher, na questão do voto. Foi um homem que teve coragem para dar ao Brasil a condição para que ele pudesse marchar rumo ao seu engrandecimento. Infelizmente, e ele cita isto na Carta-Testamento: “as forças contrárias” eram bastante grande, eram bastante fortes. E essas forças contrárias aos seus ideais, essas mesmas forças que venceram Getúlio Vargas e que fizeram-no suicidar, elas cresceram e hoje em dia se transformaram, mesmo após o malfadado 1964, se transformaram nas forças que esmagam a Nação Brasileira, que não permitem que a Nação Brasileira possa crescer, que roubaram a dignidade do trabalhador. O trabalhador que só conheceu dignidade no trabalho a partir de Getúlio Vargas. E essas mesmas forças usam e abusam dos meios de comunicações, nos dias atuais, para convencer a Nação de que o continuísmo deve permanecer por aqui. Essas mesmas forças que têm medo, por exemplo, de serem derrotadas agora no final deste ano, quando das eleições presidenciais. Essas mesmas forças que pregam um golpismo neste ano para que não possamos ter a frente dos destinos desta Nação, alguém com respaldo de voto popular. Seja ele Brizola, seja ele Lula; seja ele quem for, mas que venha através do voto popular.

Eu disse inicialmente que nós não reverenciávamos um homem perfeito, porque senão ele não seria humano e, Getúlio Vargas era um homem bastante humano. Nós reverenciávamos um homem que cometeu muitos erros, cometeu grandes erros, mas que serve de exemplo para os dias atuais, e que nós devemos, ao relembrarmos a vida de Getúlio Vargas, tirarmos dessa vida suportes suficientes para as nossas ações no presente, para que elas possam ser tão firmes como foram as ações dele, naquela época, capazes de transformar todo aquele caos em que estava transformado o Brasil, antes de 1930. E que agora, mais ou menos, é um exemplo, econômico, pelo menos no nosso País e que deverá sofrer a transformação, e tenho certeza de que assim o fará através do trabalhismo que Vargas tanto cultuou. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Vereador Líder do PDT Vieira da Cunha.

 

O SR. VIEIRA DA CUNHA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o PDT, como historicamente faz, não poderia, também, deixar de se manifestar no dia do nascimento do Presidente Getúlio Vargas, até porque a imprensa noticiou, hoje pela manhã, numa das páginas mais lidas no nosso Estado todo, que teria havido em esquecimento por parte do PDT desta significativa figura da história do País e particularmente, a história do trabalhismo no nosso País.

Quero dizer ao jornalista, autor da nota, bem como a sua fonte, que estão os dois, jornalista e a fonte da notícia equivocados. Não é só através de Sessões Solenes que se fazem homenagens. As homenagens se fazem também, e, principalmente pelos compromissos que se tem nas lideranças e pelos projetos políticos, pela lealdade, pela identidade das idéias e das lutas desenvolvidas ao longo do tempo e ao longo da história. Aceitamos as homenagens de todos, mas é indiscutível que é o PDT o partido que se propõe a defender e a continuar as idéias iniciadas por Getúlio, Jango, e agora defendidas por Brizola.

Quero dizer, também, que para esta data já havia uma Sessão Solene previamente estabelecida, para cuja Sessão já contamos com os representantes da Agapan, cujo aniversário será hoje festejado e homenageado por essa Casa. E pretendíamos, também, a exemplo do que fez, o Ver. João Dib, o Ver. Luiz Braz, usar deste tempo de Liderança para marcar nossa homenagem. Homenagem a um homem, que como disseram os oradores que me antecederam, a história do País não é contada sem a sua presença, sem seus hábitos e sem os seus grandes feitos. Um homem que deu a sua vida pelo País e pelas suas idéias, que preferiu o suicídio à renúncia de suas idéias, seus propósitos e seus compromissos. Lá, em 1954, já estava presente o que acabou acontecendo em 1964, dez anos depois.

A morte de Getúlio impediu que já, naquela época, as forças que ele mesmo denunciou em sua histórica Carta-Testamento, já, naquela época, aquelas forças das elites brasileiras aliadas ao capital internacional tomassem conta do nosso País. Infelizmente, acabou acontecendo em 1964. Não sem antes, uma outra liderança egressa e formada no trabalhismo, impedir que três anos antes isto também ocorresse, através do Movimento da Legalidade, que esta Casa haverá, também de homenagear a 25 de agosto, um ano depois da morte de Getúlio. Movimento este liderado por Leonel Brizola, aqui no Rio Grande do Sul, aqui de Porto Alegre, que também conseguiu adiar, por três anos é verdade, mas que também conseguiu adiar o golpe militar no nosso País. Mas esse golpe acabou acontecendo em 1964, exatamente contra essas idéias, contra esses homens e o que eles representam. Compromissos de grandes transformações estruturais na nossa sociedade, de grandes reformas: educacional, agrária, em todos os campos da cidade brasileira.

Agora, em 1989, o povo brasileiro terá oportunidade de retomar o fio da história, cortado bruscamente em 1964. Corte esse, que repito, já teria dado em 1954, se não fosse o ato heróico de Getúlio Vargas, ou em 1961, se não fosse a grande mobilização popular de Leonel Brizola.

E finalizo, Sr. Presidente, com uma homenagem, transcrevendo um trecho do discurso desse Líder Getúlio Vargas, em 1947, quando ele dizia: “a velha democracia liberal e capitalista está em franco declínio: a ela pertencem vários partidos de rótulos diferentes, mas com a mesma substâncias; a outra democracia é a democracia socialista, a democracia dos trabalhadores, a essa eu me filio”, dizia Getúlio Vargas em 1947, e dizemos nós do PDT em 1989. Sou grato.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Luiz Machado, Líder do PMDB.

 

O SR. LUIZ MACHADO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, no dia em que se comemora a data de nascimento do inesquecível Presidente da República Getúlio Vargas, assomo à tribuna para render uma homenagem aquele homem que não se curvou nunca, em termos de capital externo. Enfrentou a tudo e a todos; quando, na hora mais difícil, ele chegou ao suicídio.

Quero, pela Bancada do PMDB, falar hoje e dizer, heróis são aqueles homens que muitas vezes pressionados, eu posso dar um exemplo de Salvador Alliende, no Chile, e que deram a sua vida por um ideal.

Heróis não são os que fogem; heróis são aqueles que morrem pelo ideal. Getúlio Vargas morreu pelo ideal e, por isso, rendo homenagem a ele, um homem que honrou nossa tradição. Muitas vezes, Getúlio Vargas, quando questionado, dizia: “se um filho do Rio Grande pode governar o Brasil, por que um filho do Brasil não pode governar o Rio Grande?” E frases, como esta, saíam da boca de Getúlio Vargas. Por tudo isto, a história nos leva a render homenagem, não só a Getúlio Vargas, mas a todos que lutaram pela democracia, sem fugir, ficando aqui e tombando em defesa dos seus ideais, em defesa da liberdade e da justiça. Por tudo isto quero dizer que o PMDB rende homenagem a Getúlio Vargas, dizendo que os covardes morrem muitas vezes, mas os heróis morrem uma só. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Flávio Koutzii.

 

O SR. FLÁVIO KOUTZII: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós temos como conduta, evidentemente em todo o tipo de situação própria da Câmara, como das assembléias de homenagem, ou do momentos de recordação de instituições ou figuras históricas, uma atitude respeitosa e, em geral, não vamos colocar ênfase nos aspectos em que eventualmente divergimos. Isto já tem acontecido aqui. Neste caso, não há nenhuma dificuldade em reconhecer a magnitude, a centralidade da figura de Vargas, durante décadas neste País. Mas diferença existe no sentido de que, reconhecendo, através de determinadas posições que estabeleceu desde o governo que beneficiava os trabalhadores, a nossa linha de pensamento é de registrar isto como fato inquestionável, mas, ao mesmo tempo, entender que, como isto se combinou com certo atrelamento dos sindicatos e da própria classe trabalhadora a um controle importante do governo. De alguma maneira se podia resumir que havia um avanço e, a partir dali, um certo nível de controle que freava a própria emancipação da classe trabalhadora. É claro que não é uma mesquinha divergência sobre a nossa história. Aliás, o que falta neste País é justamente um olho mais crítico para o conjunto de sua história, onde haja visões, eu diria, menos ingênuas e que foram consagradas por uma espécie de história oficial, que só começava a ser revisada justamente às vésperas do golpe de 1964, e que foi estancada pelo próprio período repressivo. Nós achamos que é indiscutível, e sem entrar, digamos assim, na questão ético-religiosa do suicídio, que é muito forte, o que fica, independente da nossa divergência sobre o papel político cumprido pelo Presidente Vargas, a força magnífica do gesto final, que é um gesto trágico, que é o gesto do suicídio, que é o gesto de abandonar a vida, mas que tem uma força, em termos de dignidade, em termos de identificar a sua vida com o que ele achava que era o mais justo e o mais correto para o seu País, naquele momento, na medida em que era, evidentemente, um líder muito importante.

É, talvez, para nós que não rezamos pela visão do trabalhismo clássico – temos uma outra concepção da organização dos trabalhadores e de quais devem ser os seus caminhos –, a oportunidade de resgatar, no dia de hoje, o magnífico deste gesto, que num País com a crise de credibilidade dos políticos, que nós vivemos hoje, isto surge com muito nitidez, o contraposto é muito forte.

E eu discutia, conversava com o Ver. Luiz Braz sobre o significado disto, perguntando a ele, eu não havia escutado bem, se ele julgava que era um erro isto. Ele me explicava que do ponto de vista de uma concepção espiritual, sim, mas é evidente que do ponto de vista político este gesto extremo permitiu a Vargas preservar o melhor daquilo que ele tinha tentado fazer contornar, evidentemente, a tentativa lacerdista da época que era denegrir completamente a imagem de um governo popular, de um governo que ao menos em algumas questões havia avançado, inclusive no terreno do nacionalismo, no terreno da siderurgia, no terreno do petróleo e isto é uma questão muito clara, e nós não queremos fazer nenhuma confusão. O Governo Vargas, a partir de 1950, é hostilizado, fundamentalmente, não mais porque ele seguisse avançando em algumas concessões à classe trabalhadora, mas por ter assumido posições nacionalistas e antiimperialistas. Estas posições é que levaram à pressão crescente da UDN e do lacerdismo e da Revista Cruzeiro, que lembro bem, que era isto, ainda, e neste sentido é importante registrar o nossos entendimento e a nossa solidariedade. Sou grato.

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A partir de agora passamos a homenagear a Agapan, pela passagem do seu 18º aniversário, com a assinatura das Lideranças e Vereadores, acredito que foi por unanimidade esta homenagem à nossa Agapan. Presente o Presidente Celso Marques.

Com a palavra, o Ver. Vieira da Cunha, que falará pela Bancada do PDT.

 

O SR. VIEIRA DA CUNHA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, ocupo a tribuna para homenagear, em nome da Bancada do PDT, os 18 anos de existência da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural – Agapan.

Sinto-me honrado em poder estar homenageando a Agapan por tudo o que ela representa, e principalmente porque a proteção ao ambiente natural tem sido uma das maiores preocupações da minha geração. Jovens do mundo inteiro têm lutado pela preservação do equilíbrio ecológico, conscientes de que do sucesso desta luta depende a nossa própria sobrevivência.

Infelizmente, vivemos ainda no Brasil a ideologia capitalista, que prega o progresso a qualquer preço. Em nome de um falso desenvolvimento, a natureza é destruída imbecil e covardemente, em nome do lucro e da ganância.

Contra essa ideologia, os homens e mulheres de consciência de nosso planeta vêm se organizando em associações e entidades, no sentido de debater e encaminhar as lutas para solução de graves problemas relacionados com o ambiente natural.

Foi com este espírito que surgiu, na década de 70, a primeira associação ecologista do Brasil: a Agapan. De início, seus líderes eram considerados por alguns como “exóticos”, quando questionavam o pseudo-desenvolvimento do nosso País e denunciavam os crimes ecológicos. Aos poucos, no dia a dia da luta pela preservação do meio ambiente, a Agapan foi se firmando e começou a pontear o movimento ecológico gaúcho e brasileiro, angariando o respeito e a simpatia da sociedade.

Permitam-me que homenageie, neste momento, uma destas lideranças, com o que estendo o nosso reconhecimento a todos aqueles que têm dedicado a sua vida à causa da preservação do ambiente natural.

Trata-se do Prof. José Lutzemberger, um dos fundadores da Agapan, liderança internacionalmente respeitada, distinguido com o Prêmio Nobel Alternativo, exatamente pela sua luta permanente em defesa da ecologia.

Outro símbolo desta luta deve ser, nesta hora, por nós lembrado: Chico Mendes, covardemente assassinado pela sua postura intransigente de defesa de um dos maiores patrimônios da humanidade, que é a Floresta Amazônica, tão agredida sob a complacência de um governo incompetente e insensível ao grave problema de devastação da natureza que avança, implacável naquela região brasileira.

Quero finalizar alertando que esta luta é de todos nós: o movimento ecológico é uma causa de toda a humanidade. Por isso, não deve ficar atrelado, seja em que instância for, a qualquer partido político. A defesa da ecologia e da preservação do meio ambiente não é, e não pode ser, bandeira exclusiva de determinado partido.

Sem aparelhar entidades, cresceremos juntos na formação de uma consciência ecológica mundial em defesa da humanidade. O aparelhismo e o atrelamento, ao contrário, enfraquecem e desacreditam o movimento.

Pela preservação da natureza e por um mundo melhor para todas as gerações: Viva o Movimento Ecológico e Viva a Agapan!. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Concedemos a palavra ao Ver. Luiz Machado, membro da Bancada do PMDB.

 

O SR. LUIZ MACHADO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, assomo à tribuna para fazer uma homenagem à Agapan, em nome da Bancada do PMDB, PTB e PDS. Homenagem que prestamos à Agapan, Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural. São 18 anos de lutas dessa Associação que aos poucos foi criando na consciência de nosso cidadão a proteção ao meio ambiente natural. Hoje todos nós estamos irmanados a essa luta, crentes que os objetivos são os melhores para toda a população. Há 18 anos atrás, Augusto Carneiro e José Lutzemberger lideravam, com outras lideranças, a fundação dessa Associação que hoje tem o respeito, a admiração e acima de tudo a confiança do povo brasileiro. Sim, do povo brasileiro, porque foi através da luta de José Lutzemberger que a Agapan conquistou o mundo, por sua luta sem limites para proteger o ambiente natural. Nunca interessou a esse homem o problema do progresso, se intercedesse ao ambiente natural. As fábricas, indústrias ou qualquer multinacional que ferissem esse princípio tem nele um inimigo feroz. E esta atitude não esconde de ninguém. Por isso tudo conquistou, na Suécia, o Prêmio Nobel Alternativo, prêmio maior no mundo de proteção ao ambiente natural. Hoje, José Lutzemberger não é só admirado em nossa Capital, em nosso Estado ou no Brasil, mas sim reconhecido pelo mundo todo pelo seu trabalho, trabalho que iniciou na Agapan e criou raiz forte e transmite hoje para o mundo esta conscientização. Uma das lutas da Agapan é pelo Parque de Itapuã, e é muito grande, pois, embora o parque fosse criado em 1972, nada o Município fez por ele. E o pior, deixou que caçadores e veranistas tomassem conta num desrespeito ao ambiente natural. A Agapan até hoje luta pela expulsão dos malfeitores do parque. Se é verdade que não conseguiram seu intento, é verdade que os invasores não estão mais destruindo, e o mérito é da Agapan. O trabalho da Associação incentivando nas escolas a conscientização de proteção ao ambiente natural, começando no primário e indo até o nível superior. Está empolgando a todos nós, e os porto-alegrenses orgulham-se do trabalho, passando também a conviver com esta consciência de proteção ao ambiente natural, um trabalho comunitário e social da Agapan.

Ultimamente tivemos nossa atenção voltada para o trabalho da Agapan no Projeto Praia do Guaíba. Se é verdade que não conseguiu anulá-lo, é grande verdade que conseguiu uma grande redução no projeto conservando o mais que pôde o ambiente natural. É preciso que todos nós, irmanados à Agapan, continuemos este trabalho, o de conscientizar a população a proteger o ambiente natural, pois não é só o respeito e a admiração que a Agapan precisa, mas sim a participação efetiva quer do povo, quer da Câmara Municipal e acima de tudo da Prefeitura Municipal de Porto Alegre.

Os nossos parabéns à Agapan por mais um ano de trabalho, é o que desejamos, o PMDB, o PTB e o PDS. Essa homenagem à Agapan é nossa obrigação de homem público; como brasileiro, quero dizer a todos que é um dever dos legisladores municipais, estaduais e federais nos darmos as mãos, para construirmos um Brasil mais verde e mais livre. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Omar Ferri, que fala em nome do PSB.

 

O SR. OMAR FERRI: Sr. Presidente; Sr. Dirigente da Agapan; Srs. Vereadores; minhas Senhoras e meus Senhores. Eu não sei se o dia de hoje é um dia de júbilo e de congraçamento e se pode ele representar algum tipo de festividade, ou se é um dia de dor. Um dia de dor porque quanto mais se fala em ecologia, mais se observa e se comprova que, insanamente, os homens estão destruindo o sistema ecológico do planeta, um ecossistema que possivelmente tenha levado mais de quatro bilhões de anos para, além de se integrar harmoniosamente naquilo que a gente costuma chamar de natureza, propiciar condições de vida e de habitabilidade para o gênero humano. Eu tenho dito muitas vezes que se existe um Deus – e meu discurso não é o teológico nem filosófico – esse Deus, sem dúvida nenhuma, é a natureza, porque aquelas qualidade que, falsamente, a vã filosofia atribui a Deus, de não ter tido nem princípio nem fim, essas qualidades são a essência da própria natureza, que nunca teve princípio e nunca terá fim. E o homem, num determinado momento de sua história, se atreve a destruir o seu próprio Deus. E Deus, como sinal de vingança, haverá de se vingar, não tenho dúvidas, e destruir também o próprio homem. Mas, se destruísse o próprio homem em si, em caráter individual, até que poderia se constituir num exemplo para os outros. Mas, quando a destruição do homem significa a destruição da humanidade, então este fato nos obriga a parar e pensar, a parar, a pensar e a afundar organizações como a Agapan, tão bem representada pelo ilustre Prof. Marques, hoje, aqui. Fundar a Agapan e lutar e afrontar todos aqueles que querem destruir aquilo que foi criado para servir o homem e a humanidade; lutar e afrontar, como é o exemplo de um Chico Mendes, que morreu por defender o ecossistema e a própria Amazônia, como morreu Getúlio Vargas no período constitucional, que morreu numa espécie de holocausto tentando avisar o Brasil que as multinacionais o estavam invadindo para, após, dominá-lo e corrompê-lo. E dominado e corrompendo, as multinacionais alargaram e alongaram os seus tentáculos em direção a todas as riquezas que constituem o patrimônio da Nação e do povo brasileiro. Portanto, vejam bem, nessa simbiose do dia de hoje, de Chico Mendes e de Getúlio Vargas, a política está intimamente ligada à ecologia, como a ecologia é uma filha predileta da boa política. Não se pode nem fazer e nem falar em política, hoje, sem atentar para a sua destinação social, sua principal finalidade, porque pressupõe a salvação das nossas riquezas, a defesa do nosso patrimônio natural e a preservação possivelmente do único ecossistema que significa hoje a própria segurança da civilização moderna.

Por isso, o PSB se integra a esta Casa, aos Vereadores e se louva, inclusive, na opinião do Ver. Luiz Machado quando diz que a ecologia é uma obrigação desta Câmara e da Prefeitura, como ontem era obrigação desta Câmara e foi obrigação da Prefeitura impedir a votação de um projeto de lei que significava a destruição de um microssistema na cidade de Porto Alegre. Então, se deve exigir um comportamento retilíneo da nossa Casa, em defesa das nossas florestas.

É por isto, Sr. Presidente, aliás, eu devo uma explicação a V. Exª e devo uma explicação a esta Casa do porquê que quando fui convidado pela primeira vez, a ler algumas linhas da Bíblia eu me recusei, me recusei porque me parece que chegar aqui e ler a Bíblia, e lá fora proceder contrário, é no mínimo farisaísmo. A ecologia, se defende nos quatro cantos deste País. E falo, Sr. Presidente, de cátedra. Falo de cátedra, honro e louvo a formação da Agapan. E honro e louvo Lutzemberger pelo seu Prêmio Nobel. Mas eu lembro, Sr. Presidente, quando depois de 1964, do golpe militar, inspirado pelas forças da redação e pelas força do mal, houve um silêncio parecido com nuvens negras que amorteceram e amordaçaram a consciência cívica deste País, de tal forma que eliminou também a coragem de se tomar posições contra aquilo que significava retrocesso para nossa comunidade.

E lembro, Sr. Presidente e Sr. Dirigente da Agapan, que aqui do outro lado do rio, do estuário do Guaíba, fundaram uma empresa chamada Boorregard e que muitos males fez à população de Porto Alegre e ao rio Guaíba e que, incrivelmente, Sr. Presidente, ninguém tinha a coragem de afrontar essa empresa, e se houve uma época há mais de 90 anos atrás que alguém, que um homem público de Porto Alegre denunciava que estavam cortando as matas virgens e que poderia isto vir em prejuízo, mais tarde, à comunidade de Porto Alegre, lá pelos idos de 1890, eu não lembro bem. Talvez baseado naquela lição, quando tudo era silêncio em matéria de ecologia, e quando – desculpem a falta de modéstia – bem poucos pudessem ter tido a coragem de denunciar a Boorregard, eu convoquei a minha família e me dirigi ao Bairro da Tristeza, onde tinha um terreno, que é onde moro hoje, e plantei no coração do meu terreno uma placa que dizia: “Somos contra o Boorregard”. Lembro-me que naquela ocasião a Companhia Jornalística Caldas Júnior foi lá, tirou fotografias, inesperadamente, até foi surpreendente para mim, e fez uma notícia de página central e uma chamada de meia página no saudoso Jornal Folha da Tarde.

Portanto - foi apenas para dar o exemplo –, a luta pela ecologia é uma luta da Casa, da Prefeitura, dos homens públicos e dos políticos em geral. É uma luta nossa, da Agapan, do PT, do PSB, de todos os partidos, é uma luta de Chico Mendes, foi uma luta de Getúlio Vargas, é uma luta dos homens públicos deste País, que não haverão de descansar, enquanto não se por fim a esta destruição que poderá, lamentavelmente, amanhã significar a ruína de toda a humanidade. Muito obrigado.

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Wilson Santos.

 

O SR. WILSON SANTOS: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, ilustre representante da Agapan. Entendo que o estalão que mede o grau de civilização de um povo é este termômetro, se não o grau de proteção, o grau de bem-estar, o grau de segurança de que goza o povo.

Então, se nós temos agressões à mentalidade e à ação ambientalista é porque falta um maior grau de civilização. E há que se ter mecanismos que conscientizem a necessidade de nos tornarmos civilizados.

E eu quero dizer que existem duas conceituações, duas divisões de calamidades, as calamidades naturais, as que são provocadas pela natureza, e que são difíceis de serem prevenidas, o que nós podemos é nos organizar para minimizar os efeitos. E aí estão os vendavais, as inundações, essas são as calamidades naturais. Mas existem as calamidades humanas que são provocadas pelo homem contra o próprio homem. E estas podem ser evitadas. E aqui eu quero focalizar a homenagem à Agapan, são 18 anos de luta, de conscientização para que haja um maior grau de civilização; esse estalão, o termômetro que vai medir o grau de civilização no grau de proteção, de segurança, bem-estar de que goza uma população.

E eu digo que há uma luz no fundo do túnel, e vejam que eu pertenço a uma instituição político-partidária que defende o sistema capitalista, mas que combate de forma violenta aquilo que está fora do capitalismo, que é selvageria do lucro. Porque eu entendo que o capitalismo pode ser democrático, um capitalismo com uma visão ética, moral e cristã da aplicação do lucro. E quero dar um exemplo de que isso pode existir, o exemplo que foi citado pelo Ver. Omar Ferri, o da Boorregard que foi o maior exemplo de agressão ao bem-estar da população, mas bastou que a Riocell investisse num patrimônio que temos do meio ambiente, chamado Lutzemberger. Levou para a Riocell, o Lutzemberger, e a ele entregou a missão de coexistir lucro com o meio ambiente e hoje temos a Riocell – e aqui quero fazer uma homenagem. Peço destaque para a homenagem, uma homenagem à Riocell e também uma homenagem ao líder Aldo Sane, engenheiro que dirige à Riocell, quem levou Lutzemberger para lá e hoje temos um avanço de 90% do estágio de calamidade que existia na época da Borregaard. Convido os 33 Srs. Vereadores para fazerem uma visita à Riocell. Eu tive a oportunidade de fazer, e mais uma vez comprovando que podemos tirar os selvagens do capitalismo e ver que podemos ter progresso, porque a Riocell é sinônimo de progresso, mas sinônimo de coexistência com o meio ambiente, de coexistência com ecologia.

De forma que o Partido Liberal homenageia os 18 anos da Agapan e faz ressaltar, aqui, a Riocell, numa prova de que as calamidades humanas, aquelas que são aprovadas pelo homem, contra o homem, podem ser evitadas. Aqui está o exemplo. Parabéns a Agapan. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Gert Schinke.

 

O SR. GERT SCHINKE: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, companheiro de luta, Celso Marques, Presidente da Agapan; demais companheiros ecologistas do nosso Movimento Ecológico; senhoras e senhores. É muito importante, no transcurso do 18º aniversário da Agapan, em que a nossa Agapan, como aqui já foi dito, comemora sua maioridade. São 18 anos de lutas, são 18 anos de política ambiental, são 18 anos de luta em torno de concepção ecológica que, no decorrer desse período, e ainda antes, começaram a ser forjadas por uns sem número de companheiros que participavam e continuam participando, felizmente, cada vez mais, da nossa luta. É uma luta na verdade contra a grande maré de uma concepção de desenvolvimento que agride a natureza e agride o homem. Isto é importante se ressaltar. É contra a concepção desenvolvimentista atual que nós, da Agapan e os seus precursores - alguns deles não mais vivos - lutamos. E é por estas novas concepções, profundamente revolucionárias, que nós lutamos, há 18 anos, na nossa entidade. Aqui, eu quero ressaltar alguns aspectos desta história da Agapan, destes 18 anos de luta ambiental.

A Agapan foi fundada em 25 de abril de 1971 e seu primeiro Presidente foi o companheiro José Lutzemberger. Naquela época, as reuniões públicas da Agapan precisavam de uma autorização do DOPS, porque, naquela época, falar em ecologia era fazer subversão. A Agapan foi uma das entidades subversivas, na década de 70. Vejam só, meus senhores! A Agapan fazia subversão ao sistema! Disto ela era acusada. Mas nós assumimos esta subversão, porque, de fato, nós fazemos uma subversão nas idéias das pessoas. A Agapan prega sim uma subversão a este sistema. E desta posição, que muito nos honra, a Agapan tem um grande mérito, na sua luta destes 18 anos: a Agapan prega, na verdade, uma mensagem profundamente subversiva aos valores éticos, culturais, predominantes nesta sociedade capitalista, na qual nós vivemos. Seguiram-se à Presidência do Prof. José Lutzemberger, o Prof. Flávio Lewgoy e, atualmente, este cargo e esta função é ocupada pelo prezado companheiro, aqui presente, Celso Marques. A Agapan, durante todo este tempo, contribuiu, de uma forma fundamental, para espraiar e divulgar uma consciência ecológica, não só em Porto Alegre, mas no Rio Grande do Sul e no Brasil, através de artigos nos jornais, através de textos que eram impressos de uma maneira muito humilde naquela época. E eu me lembro que eu também ajudava a fazer estes textos, mas enfrentávamos dificuldades de imprimir os textos porque não se tinha papel e não se tinha as máquinas adequadas para imprimir estes textos, muitos deles nem ao menos a gente conseguia ler, corretamente, porque a impressão era muito falha. No entanto, nós insistíamos, embora as precariedades e os percalços às vezes eram tão grandes que afugentavam muitos companheiros, ou faziam com que muitos companheiros ficassem na estrada durante todos estes anos. A primeira grande vitória da Agapan, nós temos que lembrar isto, porque isto é muito importante e o exemplo que isto significou para o Rio Grande do Sul e para o Brasil, foi a vitória contra a poda das árvores nesta Cidade. Esta foi a primeira grande vitória da Agapan. Ainda hoje quem viaja para o interior do Estado vê em muitos Municípios e muitas cidades pequenas uma dilapidação constante das árvores daquelas cidades em base numa concepção, no nosso entender, profundamente equivocada, não só sob o aspecto paisagístico, mas também do ponto de vista ecológico e ético, inclusive, para com a natureza.

Em 1972, graças à luta desenvolvida pela Agapan, a Borregaard, hoje a Riocell, foi fechada. Isto também foi uma vitória muito importante, embora hoje a fábrica continue funcionando com base numa filosofia bastante modificada e que procura aplicar um sistema de depuração, talvez até inédito, extremamente sofisticado, aplicando milhões de dólares para minimizar a poluição que causa. É um problema, no entanto, que continua a nos atingir e vai continuar nos afligindo, porque esta fábrica já está sendo duplicada e vai começar a produzir o dobro da sua capacidade, e isto significa o dobro de impacto ambiental e o dobro de poluição, inclusive a poluição para os nossos narizes. Em setembro de 1973, a Agapan lançou a Revista Sobrevivência, a primeira revista ecológica do Brasil. A Agapan é a pioneira em muitas coisas, também nesta questão a Agapan foi pioneira e inovou. E aqui nós temos que dar as honras ao méritos de companheiros, inclusive o companheiro Celso Marques, que está aqui e que naquela época coordenou a feitura daquelas edições da Revista Sobrevivência, que tinha um formato pequeno, talvez alguns de vocês ainda lembrem. Houve seis edições daquela revista.

Entre as primeiras lutas da Agapan, está a defesa do Parque Estadual de Itapuã, já citado, embora apenas uma pequena vitória do nosso ponto-de-vista parcial tenha feito com que não se dilapidasse por completo esta área muito importante, do nosso ponto-de-vista, não só ambiental, mas também histórico, porque lá há sítios históricos e é fundamental que nós, Vereadores da Câmara Municipal, políticos e demais entidades populares consigamos sensibilizar o Governo do Estado a, de uma vez por todas, implementar o Parque Estadual de Itapuã - aqui no nosso lado, dentro do Município de Porto Alegre, fronteira com Viamão.

Em 1974, no rastro da monocultura da soja, começam a ocorrer mortes por contaminação de agrotóxicos. Dezenas de colonos morrem contaminados. A Agapan, nesta época, inicia uma luta contra os venenos, que resultou na legislação estadual dos agrotóxicos. Também isso o Rio Grande do Sul foi pioneiro. Companheiros da Agapan como Sebastião Pinheiro, companheiro Flávio Lewgoy, que elaboraram a primeira minuta daquela Lei, que posteriormente veio a se transformar num Projeto de Lei e acabou sendo aprovada na Assembléia Legislativa do Estado. Passou posteriormente por todo um processo judicial, porque a Andefa – Associação Nacional dos Fabricantes de Defensivos Agrícolas processou e argüiu a inconstitucionalidade desta Lei dos Agrotóxicos, que foi reproduzida em treze Estados, catorze se não me falha a memória. Catorze Estados da Federação, foi reproduzida quase que na íntegra a Lei elaborada por esses companheiros da Agapan, que eu já citei. Na época Secretário, então, Antenor Ferrari, aliás Deputado Antenor Ferrari, que subscreveu o Projeto-de-Lei, hoje Secretário do Estado. A Agapan teve um papel importante na denúncia do desmatamento no Rio Grande do Sul. O resultado dessa luta foi a criação de parques estaduais e federais, a exemplo do Taim, do Turvo, incluindo o Salto de Yucuman e o Parque dos Aparados da Serra, mais recentemente criado.

Em 25 de fevereiro de 1975, acontece um episódio inusitado. Carlos Dairel foi o protagonista de uma das ações que veio a marcar época em Porto Alegre quando ele subiu numa árvore na Av. João Pessoa, que ficou conhecido como o episódio da subida da árvores porque nessa época as moto-serras surgiam nessa Capital para  construir os viadutos que hoje nós conhecemos e estão espalhados aí, às dezenas. Era a luta, a resistência da Agapan contra uma visão de desenvolvimento, contra uma visão de progresso que estava ali colocada naquela ação do companheiro Carlos Dairel, e que teve repercussão nacional e até internacional. Porque naquela época, em 1975, uma ação daquelas, embora pequena, sim, representava uma agressão aos interesses do Estado, ela era subversiva, era feita por um estudante que foi acusado de ser comunista, a mando do comunismo internacional, sob a tutela da Agapan, que subiu numa árvore para protestar contra o corte das árvores da Av. João Pessoa. Felizmente os tempos mudaram, e também graças a Agapan, naquela época toda a direção da Agapan teve que prestar depoimentos no DOPS. Aliás as passagens dos líderes da Agapan pelos órgãos de repressão são incontáveis. Vários processos, várias vezes chamados a depor, processos judiciais que aqui nós nem vamos enumerar, porque eles já são até rotinas por parte dos dirigentes da Agapan.

Em março e abril de 1975, partidos da situação e da oposição também comemoravam juntos a conquista para o Rio Grande do Sul do 3º Pólo Petroquímico. Mas, naquela época, mais uma vez estragou a festa desta grande conquista, na concepção de alguns, a Agapan. A Agapan alertou para os riscos ambientais, para os riscos da contaminação ambiental e mais uma vez se contrapôs àquela visão desenvolvimentista que ali estava colocada. O episódio da conquista, entre aspas, do Pólo Petroquímico para o Rio Grande do Sul também marcou história na Agapan. Posteriormente, outras entidades se juntaram a nós e formaram a comissão de luta contra o Pólo Petroquímico. A Agapan e o Movimento Ecológico Gaúcho foram derrotados, mas pelo menos conseguiram impedir que os dejetos do Pólo fossem lançados direto na lagoa dos Patos, na época o que estava em questão era a construção do famoso, nós apelidamos “o tubão do Amaral”, que jogaria os dejetos, os efluentes químicos altamente tóxicos e sem tratamento nenhum do Pólo Petroquímico diretamente para dentro da lagoa dos Patos. Isto foi uma vitória que nós devemos à Agapan. O fato de hoje o Pólo Petroquímico, a Riocell, e tantas outras indústrias, como inclusive essas que foram citadas ontem aqui pelo companheiro Aveline, os curtumes do rio dos Sinos, foram vitórias também que nós devemos em grande parte ao movimento desencadeado pela Agapan. A Agapan, em última análise, foi um das entidades que nos seus oito anos mais contribuiu neste Município e neste Estado para a qualidade de vida dos seus cidadãos. Este é fundamentalmente o mérito que estes 18 anos de luta contribuíram para a nossa sociedade, para a sociedade porto-alegrense, rio-grandense e brasileira.

Em plena ditadura militar a Agapan ousou questionar a política nuclear e abrir suas baterias contra os nucleocratas, numa época em que a questão nuclear era tratada como assunto de segurança nacional, como é ainda hoje tratada a questão nuclear, não podemos tergiversar sobre essa questão. Ainda hoje a questão nuclear neste País é completamente controlada pelos militares e é tratada como assunto de segurança nacional. Já, naquela época, a Agapan ousou enfrentar o governo militar e se colocar em contraposição clara e aberta ao programa nuclear brasileiro, o dito acordo Brasil-Alemanha para construção de uma dezena de centrais nucleares no Brasil que já estavam projetadas. Felizmente para o povo brasileiro a própria crise econômica impediu que se construísse essa aberração. Se não me engano, estava em questão a construção de 22 centrais nucleares espalhadas pelo Brasil. Se houvesse dinheiro para fazê-lo, tenho certeza de que não seria em Chernobyl a primeira explosão de uma usina nuclear, muito provavelmente esse mérito, esse orgulho, caberia mais uma vez aos brasileiros.

Entre 1976 e 1979, a Agapan realizou um programa de cursos de ecologia pelo interior do Estado, tenho à frente três companheiros: o companheiro Celso Marques, o companheiro Udo Mohr, atualmente Superintendente da nossa SMAM e o companheiro Lair Ferreira, e ainda outros colaboradores que deveriam ser citados, mas que, no momento, não recordo. Tudo isso no sentido de levar uma educação ambiental para o interior do Estado. Esses cursos da Agapan tiveram um resultado que hoje é percebido, porque não é para menos que Porto Alegre, que o Rio Grande do Sul são referências para a ecologia no Brasil. Foi graças ao trabalho dedicado desses companheiros, e a maior parte das vezes, voluntário, que o Rio Grande do Sul hoje tem o maior nível de consciência ecológica do Brasil. E Porto Alegre é reconhecida internacionalmente como a capital da ecologia no Brasil. Esses recursos contribuíram decisivamente para isso. (Lê.) “A luta por uma legislação que disciplinasse o transporte de cargas perigosas foi uma das bandeiras levantadas pela Agapan após os acidentes com caminhões carregados com cargas tóxicas provenientes do Pólo.” E aqui eu lembro um episódio que envolveu dois companheiros, na época Vereadores, o companheiro Caio Lustosa, hoje, Secretário da SMAM e o companheiro Antonio Hohlfeldt, também a companheira Jussara Cony, que foram lá na BR, pouco antes da Ponte do Guaíba, se deitaram na frente do caminhão impedindo que o caminhão trafegasse. Fazia parte, essa atitude, de uma denúncia que teria que ser feita a toda sociedade porto-alegrense, no que toca ao transporte responsável, feito pelas grandes empresas transportadoras das cargas perigosas que, ainda hoje, vem acontecendo.

E eu ressalto aqui que a Administração Popular, como eu já havia me pronunciado aqui anteriormente, tomou a cabo a tarefa de concretizar finalmente a comissão que vai disciplinar e vai controlar o transporte das cargas tóxicas, com base numa Lei Complementar, a Lei nº 105, aprovada por esta Casa, na Legislatura passada, que regulamenta o transporte das cargas perigosas. Esta é uma das outras vitórias conseguidas pela Agapan, na luta incessante pela qualidade de vida.

A Agapan lutou contra a construção do centro de convenções no Jardim Botânico. Lembram-se os Senhores quando estava em questão um projeto faraônico, de construir um centro de convenções em pleno Jardim Botânico, lá estava a Agapan dizendo: nós temos que preservar o Jardim Botânico. Botem o centro de convenções lá no Plaza São Rafael, botem lá num outro lugar, mas não dentro do Jardim Botânico. Nós conseguimos isto, foi uma vitória.

Contra a destruição dos morros de Porto Alegre a Agapan sempre se manifestou. Entre tantas outras lutas nesta Cidade e no interior do Estado.

A rediscussão do Projeto Rio Guaíba também pode ser considerada uma vitória do movimento ecológico e, em particular, da Agapan que se empenhou arduamente na rediscussão deste Projeto. A Agapan participou da luta contra o Projeto Praia do Guaíba que culminou aqui, que redundou na aprovação de um Projeto de Lei, na Legislatura passada, contrário às posições.

E ressalte-se aqui o episódio construído pela Agapan, da manifestação que procurava reprisar muitas daquelas manifestações realizadas em todo o mundo pelo movimento ecológico Green Peace que foi a subida da chaminé do Gasômetro, inclusive da qual eu participei. A subida da Chaminé do Gasômetro foi uma das tantas e, que eu, particularmente, me orgulho tanto de ter participado das manifestações da Agapan, que teve uma repercussão fundamental para ecoar o nosso grito para a sociedade de Porto Alegre sobre os problemas daquele Projeto que se estava votando.

Para finalizar, Sr. Presidente, companheiros Vereadores, companheiros ecologistas, a Agapan, teve, também, na Assembléia Nacional Constituinte algumas vitórias parciais com a sua Emenda Popular que coletou, nada mais, nada menos, do que 12 mil assinaturas. Umas das Emendas Populares que mais conseguiu recolher assinaturas neste Estado foi a Emenda capitaneada pela Agapan com outras entidades ecológicas, é verdade, e populares.

E, na Constituinte Estadual nós estamos empenhados, também para garantir a qualidade de vida para os cidadãos de Porto Alegre e, nesse sentido, para os cidadãos de Porto Alegre, eu remendo, do Rio Grande do Sul e do Brasil. Neste sentido, aqui faço um apelo para o papel que nós, políticos, dirigentes partidários, dirigentes de setores dessa sociedade, a importância que tem o nosso papel na luta em defesa do meio ambiente. Que não fique só enquanto uma retórica, enquanto belos discursos que aqui são dados a favor do meio ambiente, quando é o momento de lembrar os nosso mártires como Chico Mendes, ou lembrar as vitórias da Agapan, mas também, na hora de votar os projetos que têm caráter de defesa ambiental, o compromisso que está em nós de referendar esses projetos. Como há dias atrás, nós vimos aqui colocado em discussão o Projeto, aquele do loteamento aqui na nossa Cidade. Viva a Agapan! Viva o movimento ecológico! Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Sr. Celso Marques, representante da Agapan.

 

O SR. CELSO MARQUES: Sr. Presidente Valdir Fraga, Secretário Lauro Hagemann, Líderes das Bancadas, companheiros Vereadores e companheiros do movimento ecológico aqui presentes. É uma grande honra, uma grande satisfação, em nome da Agapan fazer uso da palavra aqui nesta Casa, com a qual temos uma relação de simbiose, pode se dizer assim, porque a Agapan, enquanto entidade voltada para o bem comum, não pode deixar de ter uma relação muito estreita com esta Casa, como tem ocorrido já, ao longo de toda a sua história, e como tem acontecido nas últimas representações da Vereança, que já tivemos Caio Lustosa, que foi Vice-Presidente da minha entidade, já tivemos Antonio Hohlfeldt, que é conselheiro nosso. Temos Gert Schinke, temos Giovani Gregol que são nossos conselheiros, companheiros de tantos anos. Então, temos uma profunda vinculação com a Câmara de Vereadores de Porto Alegre.

O movimento ecológico é um movimento que tem no fundo, no fundo, um sentido municipalista. Este contato que podemos ter aqui com os companheiros Vereadores na luta pelos problemas da nossa Cidade, que nos permite que nos olhemos nos nossos olhos, nos questionemos, podemos inclusive divergir, entrar em conflito muitas vezes. Mas a verdade é que acima de tudo o que os ecologistas prezam é a liberdade democrática, que se espalha, sem dúvida, dentro das Casas Legislativas.

Nós achamos que este nosso mundo, hoje, no qual, praticamente em meia hora uma guerra nuclear pode acabar com toda a possibilidade de vida nesse planeta. Esse mundo que tem hoje um poder, sem precedentes, concentrado nas mãos de algumas dezenas de pessoas, e se centraliza no famoso telefone vermelho que une a Casa Branca e o Kremlin, que pode decidir o destino da humanidade neste planeta. Este processo concentracionário de poder, que é profundamente anti-democrático, que é profundamente ligado a todo um processo da civilização que hoje coloca em risco a própria sobrevivência da humanidade, é um processo antidemocrático. É um processo que se realiza às expensas dos interesses maiores da humanidade. Nós pensamos numa sociedade futura que seja descentralizada, na qual o poder esteja dividido ao máximo. Nós somos contra essa centralização terrível de poder que existe em nosso País, que faz com que a legislação que nós aprovamos nas nossas Câmaras, na Assembléia Legislativa, a legislação exigindo o controle dos agrotóxicos, exigindo abolição de centrais nucleares no nosso Estado, seja considerada inconstitucional em nível federal.

Nós somos contra essa centralização da União que pega os nossos tributos, pega parte do leão, mas usa a própria figura do leão para sua publicidade odiosa, extorquindo os nossos tributos, que nós temos direito de aplicar aqui, na nossa terra, em nosso benefício, no nosso próprio interesse.

Então, como eu dizia, os ecologistas são fundamentalmente municipalistas, eu tenho imensa satisfação em estar aqui na Câmara de Vereadores de Porto Alegre, nessa comemoração do aniversário da Agapan. Porque eu sei que aqui em Porto Alegre eu estou na minha terra, estou em casa, é muito diferente de eu ir a Brasília, e me defrontar com burocratas que estão a milhares de distância da minha terra, atrás de vidros fumês, com secretárias, inacessíveis, e completamente alheios aos nossos interesses. Nós somos municipalistas, nós somos radicalmente autonomistas e municipalistas. É por isso que nesta minha vinda aqui, em nome da minha entidade, receber essa homenagem, gostaria de devolver essa homenagem à Câmara Municipal de Porto Alegre, porque temos uma profunda convicção democrática. Os ecologistas são democratas radicais, são democratas que se recusam a botar viseiras ideológicas, e fechar os olhos, por exemplo para o autoritarismo que o bloco socialista também consagrou ao longo de tantas décadas e que começa atualmente a tentar dissolver, através do homem extraordinário que é Gorbachev e seu grupo. Nós também somos contra o capitalismo selvagem, mas somos mal entendidos porque, acima de tudo, somos contra todo um conjunto de estruturas que foram geradas pela civilização industrial e, mais do que pela civilização industrial, por todo o processo da civilização. Aliás, é uma contradição, quando nós colocamos como sinônimo do máximo a que o homem pode atingir, a palavra civilizado, quando a própria etimologia da palavra significa que é o homem da cidade, e quando a gente sabe que o processo da urbanização está na origem de todo um processo civilizatório que hoje nos coloca numa situação de extremo perigo de sobrevivência à nossa espécie, como foi brilhantemente colocado pelo Ver. Omar Ferri. Então, a questão ecológica é uma questão muito profunda. É uma questão que perpassa praticamente todos os aspectos da condição humana e a importância que tem o pensamento ecológico, na nossa época, é exatamente a clivagem que o pensamento ecológico traz, no sentido de uma nova concepção de progresso, de um novo lugar do homem na ordem das coisas. É toda uma reavaliação, mas que vai nos aspectos mais profundos da nossa civilização, que nos faz contemplar, não apenas o progresso tecnológico, com as suas promessas de melhoria constante das condições de vida da humanidade, que, infelizmente, isto não corresponde a uma realidade, mas que nos faz olhar também para o passado e nos resgatar o que a humanidade do passado contribuiu e deixou de legado permanente. Neste sentido, por exemplo, o que considerávamos, até há algum tempo, como sendo uma manifestação de vida ultrapassada, destinada a desaparecer, como por exemplo, as comunidades indígenas, aos olhos dos ecologistas, hoje, temos uma outra maneira de compreender aquelas formas de civilização que são hoje consideradas perfeitas, talvez, as sociedades mais bem organizadas que a humanidade já conseguiu realizar que são as comunidades primitivas. É aquele socialismo primitivo sobre o qual Marx se debruçou, onde a humanidade ainda não tinha uma cisão, uma divisão interna de classes, onde havia uma relação dos homens entre si, dos homens com a natureza, que era muito satisfatória, e que hoje aparece – há muitos cientistas sociais, há muitos políticos, há muitos antropólogos, há muitos ecologistas que a defendem – como sendo uma visão inspiradora para a humanidade futura.

Nós, no Brasil, pelo fato de termos estas comunidades, e pelo fato, inclusive, de termos uma Floresta Amazônica, somos um País que tem uma responsabilidade imensa e que tem, talvez, o que há de mais precioso, no mundo contemporâneo, neste planeta.

Eu não vou me estender mais, mas eu gostaria de dizer a vocês que nós somos profundamente democratas, achamos que o pensamento ecológico traz uma dimensão política nova em muitos aspectos, radicalmente nova, renova todas as questões políticas. E eu queria expressar a vocês, da Câmara de Vereadores, também, a nossa preocupação com a conjuntura política atual do Brasil. Especialmente na área ambiental, nos preocupa muito o encaminhamento que está sendo dado, a nível federal, aos problemas com a política ecológica brasileira. O órgão supremo da política brasileira, o Conama – Conselho Nacional de Meio Ambiente – é um órgão colegiado que, ao longo dos seus nove anos de existência, vem produzindo uma legislação que representava avanços importantes na política ambiental brasileira. As resoluções do Conama têm força de lei. O atual Governo vem esvaziando progressivamente as atribuições do Conama. Especialmente após o incidente da morte de Chico Mendes e a pressão internacional que começou a se articular sobre o governo brasileiro, visando a preservação da Amazônia, começou a haver uma grande reação governamental e o aspecto que nos preocupa, e que eu quero deixar registrado aqui, deixar para as reflexões das diferentes bancadas, porque também é importante que nós da Agapan, apesar de termos alguns companheiros, inclusive do PT, nós somos uma entidade suprapartidária. Isto está nos nossos estatutos, está na nossa conduta. Nós fomos contra, inclusive, a criação de um Partido Verde, porque nós achamos que a criação de um Partido Verde não atende aos interesses do movimento ecológico, como um movimento social.

Feito este parênteses, eu queria dizer a vocês da nossa preocupação com a tentativa de criação de um outro conselho, conselho superior do meio ambiente que está saindo de dentro de um Gabinete da Presidência da República e do General Bayma Denis e de todo aquele pessoal que pertencia ao Conselho de Segurança Nacional, nós estamos tremendamente preocupados com a militarização da questão ambiental e com o fato de a questão ambiental estar sendo conduzida a nível de questão de Segurança Nacional, ou seja, uma questão que é subtraída da discussão da sociedade civil, como os senhores sabem, toda a questão de Segurança Nacional é uma questão que é tratada em quatro paredes, sem a participação, tanto dos políticos, como da sociedade civil organizada. Nós já estamos pagando um preço muito caro no Brasil, até a nível de dívida externa, pela atuação totalmente anti-social que o Conselho de Segurança Nacional deu à questão nuclear neste País. Todo o programa brasileiro foi feito à revelia da comunidade científica brasileira, decidido dentre quatro paredes. E graças a isto nós temos no programa nuclear brasileiro hoje a maior parcela da nossa dívida externa, que está em torno de 30 bilhões de dólares, que nós estamos pagando. Não sei se os senhores sabem que nós estamos financiando a energia nuclear nas nossas contas de luz de todo mês, com mais um destes dispositivos autoritários que ainda estão no bojo desta mudança governamental desta Nova República.

Eu queria deixar a vocês esta preocupação para os senhores levarem às suas bancadas. Nós não podemos admitir que um governo faça como fez na última reunião do Conselho Nacional do Meio Ambiente, o Conema, de vir apresentar o programa “Nossa Natureza”, apresentar, não consultar o Conselho a respeito do programa “Nossa Natureza”, da forma mais autoritária possível, sem discussão, com os próprios órgãos inclusive do próprio Governo. Eu acho que é uma questão muito importante, na medida que nós conseguimos avanços notáveis na nossa Assembléia Nacional Constituinte, no capítulo referente ao Meio Ambiente. Avanços notáveis a nível de legislação e avanços notáveis ao nível da institucionalização da questão ambiental no Brasil.

Eu gostaria também, para concluir, de colocar a vocês as preocupações que nós estamos tendo em relação aos problemas ambientais daqui de Porto Alegre. Nós estamos assistindo a um conjunto de medidas governamentais profundamente perigosas e perniciosas à saúde pública da nossa Cidade. Nós estamos, num perímetro de 35 quilômetros ao redor de Porto Alegre, assistindo à implantação de um processo de ampliação de um Pólo Petroquímico com sérios riscos à saúde da nossa população, e com riscos também tanto a nível de contaminação aérea, como a nível de contaminação dos nossos recursos hídricos, sem falar nos riscos permanentes que representam o transporte de cargas perigosas, tanto pela lagoa dos Patos, como por terra, inclusive passando pela BR-116. Nós estamos apreensivos com a construção da Usina Termelétrica Jacuí 1, e pasmem os senhores, o órgão ambiental do Estado, o Departamento do Meio Ambiente, da Secretaria da Saúde do Meio Ambiente, deu um Parecer contrário à realização desta obra. Não obstante isso, o atual Governo do Estado faz vista grossa e continua permitindo que essa obra tenha prosseguimento. As estimativas que se fazem em termos de poluição do ar, somadas diversas fontes que representam a Termelétrica Jacuí I, uma outra termelétrica Candiota, a duplicação de Refinaria Alberto Pasqualine e o aumento também do Pólo Patroquímico, tudo numa área que concentra o maior contingente populacional do Estado, a bacia mais importante do nosso Estado, são questões que nos deixam extremamente preocupados, e que eu gostaria que esta Câmara se debruçasse sobre estas questões e começasse a levantar estes problemas.

Para finalizar, gostaria de dizer que a questão ecológica não é uma questão apenas relacionada com a natureza, é relacionada com a cultura. Hoje, se comemora o nascimento de Getúlio Vargas. A questão ecológica tem uma profunda relação com o conceito de civismo, de patriotismo. Pode-se discordar da ideologia representada por Getúlio Vargas, pode-se discordar dos mais diversos aspectos da sua obra, agora ninguém pode duvidar do carisma e da liderança fantástica, sem paralelos, que Getúlio Vargas teve nesta história brasileira contemporânea, tudo o que ele representou para nós, e ninguém pode duvidar que, acima de tudo, o carisma de Getúlio Vargas estava ligado ao fato de ser uma pessoa que nunca saiu fora do Brasil. Vocês podem ver a história: Getúlio Vargas jamais fez uma viagem ao exterior, ao contrário do nosso atual Presidente, parece que passa mais fora do Brasil do que dentro. Getúlio Vargas foi um homem excepcional, extraordinário e este carisma dele, sem sombra de dúvida, está ligado ao fato que o povo sentia que ele era ligado aos interesses supremos da nossa Pátria, do nosso País. Ele era um sujeito de uma integridade moral acima de qualquer questionamento. Agora, queria dizer que eu estive, em janeiro de 1988, em são Borja e na minha peregrinação à terra de Getúlio Vargas, fui surpreendido em me deparar com a casa em que Getúlio Vargas nasceu totalmente demolida, estava em processo de demolição, uma das mais belas casas da Cidade, situada num ponto central da cidade, estava em terra arrasada, para iniciar a construção de um edifício. Qual não foi a minha surpresa quando também fui visitar o Museu Getúlio Vargas. Entrei dentro daquele museu, onde tem objetos preciosos, como por exemplo, o lençol da cama de Getúlio Vargas todo marcado de seu sangue, diversos objetos de uso pessoal, parte de uma biblioteca maravilhosa. Getúlio Cargas era uma pessoa extremamente culta, era um rato de biblioteca, tudo aquilo na mais completa indigência, no maior abandono.

Eu gostaria de lembrar aos senhores o que isto significa para a nossa memória, a forma como se trata a memória dos nossos homens ilustres, que é tão importante quanto a preservação de nossos ecossistemas, porque ecologia não é somente a pessoa estar protegendo a natureza, ecologia é nós protegermos a nossa memória também, é nós termos um sentido histórico e um sentido de responsabilidade com o nosso passado e com o nosso futuro. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Chegando ao final da homenagem, nós queremos cumprimentar o Celso Marques e sua equipe de trabalho, pelo trabalho que vem desenvolvendo em prol da natureza em nossa Cidade, em nosso Estado, enfim, em todo o País. Agradecemos a presença do Celso e de seus demais companheiros da Agapan. Leve o nosso abraço para a sua diretoria, que realmente vem desenvolvendo um excelente trabalho e a Casa se coloca ao inteiro dispor a algum projeto que queira, antecipadamente – registro -, antecipadamente, nós estamos ao inteiro dispor para conversar. Um abraço e felicidades a nossa Agapan. Continuando os trabalhos, solicitamos ao Ver. Gert Schinke que acompanhe o Dr. Celso Marques.

Requeiro à Mesa para que pudéssemos inverter a ordem dos trabalhos, iniciando pela Pauta. Em votação a inversão, para iniciarmos pela Pauta. Os Srs. Vereadores que aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

PAUTA – DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

1ª SESSÃO

PROC. Nº 0982/89 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 002/89, de autoria do Ver. Luiz Machado, que altera a Resolução nº 785, de 05 de outubro de 1983, que aprova o Regimento Interno da Câmara Municipal de Porto Alegre.

 

PROC. Nº 0968/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 026/89, de autoria do Ver. Edi Morelli, que obriga motéis e similares a fornecerem, gratuitamente, preservativos masculinos (camisas de vênus) aos freqüentadores.

 

PROC. Nº 0943/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 025/89, de autoria do Ver. Nelson Castan, que oficializa o Dia da Imprensa Judaica no Município de Porto Alegre.

 

PROC. Nº 1305/82 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 115/82, de autoria do Ver. Vicente Dutra, que dispõe sobre a obrigatoriedade de construção de quebra-molas em frente aos estabelecimentos de ensino e outros, e dá outras providências.

 

2ª SESSÃO

 

PROC. Nº 0860/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 021/89, de autoria do Ver. Edi Morelli, que altera o art. 14 da Lei nº 3790, de 05.09.1973, que estabelece normas para exploração de serviços de táxis e dá outras providências. Com Emenda.

 

PROC. Nº 0881/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 023/89, de autoria do Ver. Cyro Martini, que dispõe sobre promoções desportivas municipais e dá outras providências.

 

PROC. Nº 2833/88 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 165/88, que declara de utilidade pública a Associação Gnóstica Cristã do Brasil. Com Mensagem Retificativa.

 

PROC. Nº 0849/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 020/89, de autoria do Ver. Leão de Medeiros, que denomina Rua Inspetor João Corrêa Almeida um logradouro público.

 

PROC. Nº 0865/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 022/89, de autoria do Ver. Leão de Medeiros, que denomina Rua Soldado PM Oscar Silva da Silva um logradouro público.

 

PROC. Nº 0908/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 024/89, de autoria do Ver. Isaac Ainhorn, que denomina Rua Marcos Spritzer um logradouro público.

 

PROC. Nº 1120/89 – PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 001/89, que altera disposição da Lei Complementar nº 182, de 28 de setembro de 1988.

 

3ª SESSÃO

 

PROC. Nº 0788/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 014/89, de autoria do Ver. Valdir Fraga, que denomina Rua Dinarte Peixoto Armando um logradouro público.

 

PROC. Nº 0261/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 002/89, de autoria do Ver. Vieira da Cunha, que dispõe sobre tarifa gratuita para os estudantes de 1º Grau da rede de ensino de Porto Alegre.

 

PROC. Nº 0705/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 010/89, de autoria do Ver. Airto Ferronato, que autoriza a construção de um ponto fixo, com recursos financeiros do Sindicato dos Trabalhadores Rurais e da Cooperativa dos Produtores Rurais de Porto Alegre, para comercialização e divulgação dos produtos primários produzidos no cinturão verde do Município e dá outras providências. Com Emendas.

 

PROC. Nº 0789/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 015/89, de autoria do Ver. Cyro Martini, que dispõe sobre a inclusão da Educação de Trânsito nos estabelecimentos municipais de ensino de 1º e 2º graus e dá outras providências.

 

PROC. Nº 0327/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 003/89, de autoria do Ver. Cyro Martini, que institui o Serviço de Ambulância e Socorros de Urgência para as Vilas Populares – SASU, na Secretaria Municipal da Saúde e Serviços Sociais, e dá outras providências. Com Emenda.

 

PROC. Nº 0607/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 005/89, de autoria do Ver. Wilton Araújo, que institui a fiscalização comunitária no sistema de transporte coletivo de Porto Alegre e dá outras providências.

 

PROC. Nº 0819/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 016/89, de autoria do Ver. Artur Zanella, que denomina Rua Tarso Galvão Bueno Filho um logradouro público.

 

PROC. Nº 0829/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 017/89, de autoria do Ver. Vieira da Cunha, que dispõe sobre a tarifa gratuita para os Diretores da UAMPA.

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, para falar em Pauta, o Ver. Wilton Araújo. Desiste. A seguir, o Ver. Vieira da Cunha. Desiste.

Encerrado o período de Pauta.

Solicito ao Sr. 1º Secretário que proceda à verificação de “quorum”.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO: (Procede à chamada nominal dos Srs. Vereadores para verificação de “quorum”). Há “quorum”, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE: Havendo “quorum”, passa-se à

 

ORDEM DO DIA

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO – URGÊNCIA

 

PROC. Nº 2864/88 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 171/88, que declara de utilidade pública o Instituto Maria Imaculada.

 

Parecer Conjunto:

- da CJR e da CEC. Relatora Geral Verª Letícia Arruda: pela aprovação.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão. (Pausa.) Encerrada a discussão. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Requerimento de autoria do Ver. Flávio Koutzii, solicitando seja o PLE nº 171/88 dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data. Em votação. (Pausa.) APROVADO.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO SECRETA – URGÊNCIA

 

PROC. Nº 2484/88 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 181/88, que concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Jornalista Lasier Costa Martins, de autoria do Vereador Hermes Dutra.

 

Parecer Conjunto:

- da CJR, da CEC e da CEDECON. Relator Ver. Lauro Hagemann: pela aprovação.

 

O SR. PRESIDENTE: Sobre a mesa, o Requerimento de autoria do Ver. Wilton Araújo, solicitando adiamento da discussão e votação por duas Sessões. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. Nº 1645/88 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 078/88, que denomina Praça do Verde um logradouro público.

 

Pareceres:

- da CJR. Relator Ver. Décio Schauren: pela aprovação.

- da CUTHAB. Relator Ver. Heriberto Back: pela aprovação.

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLE nº 078/88. (Pausa.) Encerrada a discussão. Em votação. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Requerimento de autoria do Ver. Flávio Koutzii, solicitando seja o PLE nº 078/88 dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

(Obs.: Foram aprovados os demais Requerimentos constantes na Ata.)

 

O SR. PRESIDENTE: Passamos ao período de

 

COMUNICAÇÕES

 

O primeiro orador é o Vereador Airto Ferronato.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em primeiro lugar, a saudação ao companheiro João Bosco Vaz, que hoje se encontra na Casa. Temos a certeza de que engrandece o PMDB e engrandece, também, a Câmara Municipal de Porto Alegre. O nosso abraço ao Vereador.

 

O Sr. Leão de Medeiros: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) V. Exª nesta saudação fala, também, em nome do PDS.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: Muito obrigado. Em nome do PDS, do PTB, em nome do PT, PSB, PCB e do PDT, também. Nós hoje, em homenagem ao Sport Club Internacional, faremos uma breve intervenção.

Nós não poderíamos deixar de falar, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, de um acontecimento logo mais à noite, que é a escolha do candidato do PMDB, que concorrerá com os candidatos dos moderados, também do PMDB. E diria eu que, sabendo das dificuldades do meu Partido, neste momento, entendo bastante difícil buscar-se êxito, tanto com candidato Íris Rezende, como com o candidato Presidente do Partido Ulysses Guimarães.

Eu vejo o PMDB com condições de, efetivamente, alcançar a Presidência da República, com um nome, que temos a certeza, levará essa nossa sigla para concorrer com grandes chances de vitória, que é o Sr. Pedro Simon. Entendo eu que, com Pedro Simon, nós vamos para o segundo turno e chegaremos muito bem.

Apenas para constar, Pedro Simon saneou, financeiramente, os recursos do setor público; consolidou o Pólo Petroquímico do Rio Grande do Sul, entre outras coisas. Volto a frisar, com Pedro Simon o Brasil terá um Presidente do PMDB.

 

O Sr. Luiz Machado: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) O que eu tenho a dizer ao companheiro é que apóio V. Exª, no que tange ao Partido em si, mas para Presidência da República, eu divirjo de V. Exª, porque minha colocação é outra, mas apóio inteiramente o seu discurso e digo a V. Exª que estou aqui, como companheiro do Partido, ouvindo e vendo o seu interesse em defender o nosso Partido, Partido que vai fazer frente às outras candidaturas à Presidência da República.

 

O Sr. Dilamar Machado: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Só queria lembrar a V. Exª que o Rio Grande do Sul, evidentemente, respeita a figura do Governador Pedro Simon, até porque foi eleito pela vontade do povo deste Estado. Agora, o que V. Exª tem também que respeitar é a decisão do Governador Simon. Ele declarou, publicamente, que não é a vez do Rio Grande do Sul ter um Presidente da República, naturalmente, desconhecendo que a cidade de Carazinho fica no Estado do Rio Grande do Sul.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: Agradeço o aparte e volto a dizer que nós respeitamos as candidaturas existentes, mas entendemos que com Pedro Simon o PMDB chegará ao segundo turno e terá o Presidente da República. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Lauro Hagemann): Com a palavra, o Ver. Giovani Gregol, por cessão de tempo do Ver. Adroaldo Correa.

 

O SR. GIOVANI GREGOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, pediria atenção, como lhes dou sempre, visto que pretendo aqui falar sobre pessoas muito importantes para nós todos, brasileiros e brasileiras, e para o nosso País. Hoje, a imprensa noticia o transcurso de mais um Dia Nacional do Índio. Mais uma data em que, no papel, se faz elogio e se faz a defesa das culturas indígenas. Já é praxe, Srs. Vereadores, na nossa cultura, na nossa formação escolar, inclusive, datas desta natureza: Dia do Índio, o Dia da Árvore, o Dia Mundial do Meio Ambiente, e assim por diante, que, inclusive, tantas vezes, acertadamente, são motivos de sessões especiais e solenes na nossa Casa. Mas, infelizmente, a estas intenções - quase sempre boas - não correspondem ações igualmente bem intencionadas. Nós todos, quando crianças – e as crianças atualmente – se acostumaram a, no Dia da Árvore, plantar a árvore que, nos outros 364 dias do ano é abandonada, fazendo, na realidade, ou cumprindo um mau exemplo, um exemplo de como não se deve agir. Mas é importante lembrar a data, principalmente para questionar aquilo que, hoje, se faz com o índio na nossa sociedade, se faz com as culturas, com as nações indígenas, e a diferença entre o discurso, entre aquilo que é afirmado e o que é feito. Hoje, nós vivemos num País que, quando foi descoberto, e eu já tive oportunidade de dizer aqui da tribuna que o Brasil não foi descoberto, ele foi descoberto, talvez, pelos portugueses ou pelos europeus de época muitíssimo anteriores, pois, quando Cabral, em 1500, aqui chegou, já viviam aqui, segundo as várias avaliações dos especialistas na matéria, de 15 a 30 milhões de pessoas. E aqueles que hoje nós chamamos índios são os descendentes destes primeiros brasileiros, que aqui já viviam há mais de 25 mil anos, quando os europeus nos descobriram. Hoje, as datas arqueológicas comprovadas nos mostram que, há 30 mil anos antes do presente, o homem já habitava o território que hoje é o Brasil, especialmente no nordeste, na área do sertão paraibano, onde foram encontrados, dentro de cavernas, várias provas arqueológicas, pinturas ou peças daqueles ancestrais dos indígenas, primeiros brasileiros que lá habitavam. E nós temos um patrimônio que é único, que é privilegiado em termos de planeta. Nós temos, ainda, no Brasil, 180 culturas, ou povos, ou nações indígenas que conseguiram sobreviver. É bem verdade que mais de 400 já foram extintas. Não existe nada parecido com isto no nosso planeta. São quase 200 formas de viver diferenciadas. Duzentas formas de ver o mundo e de existir no mundo; 200 religiões ou religiosidades; 200 formas de se relacionar com o meio ambiente; 200 línguas diferentes; 200 tecnologias correspondente, constituindo um patrimônio que se foi acumulado milenarmente, e que nós, sim, como um todo, cultura branca, européia, não sabemos valorizar. E não só isto, como estamos rapidamente destruindo, não só estas culturas, mas inclusive os indivíduos que as compõem.

Esses dias, Srs. Vereadores, logo após aquele Encontro de Povos Indígenas do Xingu, que transcorreu na Cidade de Altamira, no qual eu tive a satisfação e a honra de representar esta Casa, eu ouvi uma entrevista do Ministro Ronaldo Costa Couto, onde o Ministro Ronaldo Costa Couto dizia o seguinte: os americanos e os estrangeiros não se podem queixar da destruição da Amazônia, onde nós sabemos que hoje ainda sobrevive a maioria das culturas restantes, no nosso País, culturas indígenas. Dizia ele que os americanos não se podem queixar do Brasil, que ele não preserva a Amazônia que o governo brasileiro não cuida do índio ou permite, inclusive, o genocídio dos indígenas, porque os americanos, no Velho Oeste, dizia o Ministro, já matara todos os seus índios, agora eles têm que deixar que o Brasil mate os seus. Então, esta afirmação do Ministro, claro que ele não usou estas palavra, mas ele deu a entender diretamente que uma nação não podia protestar contra a morte e o genocídio de culturas humanas, já que no passado tinha cometido crime. É uma forma no mínimo equivocada, para não dizer completamente descabida e injustificada de abordar este problema. Não sabe o Ministro, não sabem as nossa autoridades federais, ou melhor, se sabem não levam em conta, que hoje os indígenas nos Estados Unidos crescem em população, porque lá as suas reservas foram desmarcadas e os seus direitos básicos são respeitados há muitas décadas, já. O que absolutamente ainda não aconteceu no Brasil.

Apenas para citar um exemplo do povo ianomâmi, o povo ianomâmi vive naquela região chamada “Cabeça do Cachorro”, na fronteira do Brasil com a Venezuela. São vinte mil índios do lado venezuelano e cerca de nove mil do lado brasileiro. Pois bem, a nossa Constituição, como na questão ambiental, aliás, teve consideráveis avanços na defesa do índio, o que significa obrigatoriamente a defesa do seu território em primeiro lugar, porque é neste território na sua integridade, na preservação do seu ambiente, inclusive, que os índios vivem e daquele ambiente retiram a sua sobrevivência. E lá, vivendo há milhares de anos, sempre preservam aquela floresta, ao contrário da ocupação irracional econômica que temos lá propiciado. Vinte e três dias antes de ser promulgada a atual Constituição, que garantia ou que dá garantia aos territórios indígenas, a FUNAI baixou uma portaria diminuindo em 70% a área do povo ianomâmi, de forma que ela não pudesse depois ser regulamentada e demarcada. Por que isto, Srs. Vereadores? Porque lá, naquela região, está uma das maiores reservas auríferas e de outros minérios raros do mundo, fazendo assim, o Governo Federal permitiu e permite que 50 mil garimpeiros de ouro, hoje, ocupem aquelas áreas contra 9 mil indígenas, matando, sim - não é exagero -, estuprando, como a imprensa nacional e internacional já documentou várias vezes, este povo. E empresas, não apenas aventureiras ou de grandes grupos, mas empresas nacionais e internacionais se localizam lá para explorar os nossos minérios. Isto é um pequeno exemplo, infelizmente, pequeno, da forma como ainda é tratada a questão indígena no nosso País.

 

O Sr. Wilson Santos: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Evidente que eu queria fazer outro tipo de colocação, mas tendo esgotado o tempo digo o seguinte: o assunto do seu pronunciamento é uma matéria de justa oportunidade e o Partido Liberal quer apenas se somar a esse pronunciamento.

 

O SR. GIOVANI GREGOL: Muito obrigado, Vereador. E para concluir, eu gostaria de dizer que essa luta é uma luta que nós todos, independente de raça, independente de ideologia, de partido, levamos pela garantia do direito da sobrevivência dessas pessoas. O que significa a garantia do direito da sobrevivência das suas culturas correspondentes no Brasil. É uma luta que vem de muito tempo e da qual os indígenas participam como agentes interessados no processo, e que vai continuar ainda no futuro, com a participação de todos nós. Porque esse patrimônio, essa riqueza, que significa que constitui a existência, ou melhor, a sobrevivência dessas nações no nosso território é fundamental, inclusive para se construir um futuro melhor e até para se entender de forma mais adequada e mais profunda o que é ser brasileiro. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Luiz Machado.

 

O SR. LUIZ MACHADO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, assomo à tribuna, mais uma vez no dia de hoje, sendo que desta vez para trazer uma denúncia, que posso dizer grave. Porque o que trago não aconteceu nos regimes militares, ou seja, quando os Prefeitos eram nomeados, aqui não houve isso. Pois agora o Governo da Frente Popular está simplesmente notificando rodo o comércio na beira do rio Guaíba, localizando em Ipanema, Bairro Guarujá, na Av. Guaíba. E não deu prazo nenhum. Simplesmente, a notificação diz o seguinte: está sendo providenciada a interdição dos estabelecimentos. São 35 estabelecimentos que lá trabalham e que vivem há mais de 30 anos, ou seja, muitos Prefeitos administram Porto Alegre e aceitaram o comércio como um lado social e que atende a nossa comunidade. Isso aí, para mim, nada mais é do que uma arbitrariedade em termos de poder, usando o poder para, quem sabe, destruir um segmento da sociedade. Cada vez que nós nos reunimos com estas pessoas, eu pergunto: o que o PT vai fazer para a Cidade de Porto Alegre? É lamentável, porque dentre estes comerciantes, que são 35 na Av. Guaíba, quem conhece Ipanema sabe, abaixo do Bolonha até o bar do famoso Bigode, no Guarujá, todos os estabelecimentos receberam notificação às 23h30min., do dia 14. Então, eu pergunto: até à noite, o PT está trabalhando para fechar o comércio? É lamentável que até quase a madrugada nós tenhamos que nos deparar com isso. Então, eu lamento profundamente, Ver. José Valdir – vou conceder o aparte –, mas espero que antes de tomar esta decisão de fechar, que o Governo da Frente Popular, não com as cartas na manga escondidas, mas antes de pegar qualquer decisão para fechar o comércio, ouça a comunidade e converse com a comunidade, seus interessados diretos, os comerciantes.

 

O Sr. José Valdir: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu queria só entender se a ilegalidade é dos comerciantes ou quem está cometendo a ilegalidade é a Prefeitura que está querendo fechar o comércio?

 

O SR. LUIZ MACHADO: Respondendo o seu aparte, queria dizer o seguinte, Vereador. Estes comerciantes sempre tiveram alvará provisório. Eles nunca tiveram alvará definitivo; é comércio à beira da praia, mas atende a nossa comunidade. Eu mesmo sou morador próximo a Ipanema, muitas vezes vim com meus filhos ali naqueles trailers, naqueles bares ali e V. Exªs são convidados, principalmente, os Vereadores que são da Zona Norte, que cheguem até Ipanema para ver se aquele comércio está prejudicando a comunidade, está prejudicando a orla do rio. Isso aí é uma arbitrariedade, não concordo de forma nenhuma, pela maneira como foi colocado o assunto. A notificação diz bem assim: “Foi cientificado que está sendo providenciada a interdição deste estabelecimento”, ou seja, não é de um. Estou aqui com a denúncia de 35 estabelecimentos na beira do rio. Isso é grave, porque eles lá estão há mais de 30 anos. Ou seja, se tivessem um projeto sobre a beira do Rio para remover esses prédios ou qualquer coisa dessa natureza, eu até concordo, mas não há; portanto, é uma denúncia que me deixa apreensivo.

 

O Sr. Nereu D’Ávila: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Luiz Machado, outro dia eu tinha me referido na tribuna sobre esses atropelos cometidos pela autodenominada Administração Popular. A primeira arbitrariedade da Administração foi no início da gestão quando, por escrito, foi passado um papel para que todos os funcionários da Prefeitura – que agora não são funcionários da Prefeitura, e sim, do Partido no Governo – respondessem ao telefone: “Administração da Frente Popular, às ordens.” Essa foi a primeira grande arbitrariedade de um governo dito popular. Mas isso aí, Vereador, é muito escandaloso! V. Exª me mostrou a notificação, ela é imprensa e dá um prazo legal de 48 horas para providenciar na defesa, mas foi manuscrito, por cima, como V. Exª tem aí, de que já está sendo providenciada a interdição. De modo que não há prazo de defesa e esta é a arbitrariedade. E mais, eu sei, os Secretários anteriores a mim sabem, e a cidade sabe, que existe um determinado comércio em Porto Alegre e nas demais capitais do mundo, que são chamados sazonais, são os de estação, que recebem, durante um período sazonal, uma licença provisória para atividades de ambulantes ou qualquer atividade de caráter transitório. De modo que é surpreendente que quem pretende defender esse nível de trabalhador, que é o pobrezinho, o coitado, o da tenda, dê esse tipo de notificação. É surpreendente e V. Exª tem toda razão em denunciar esse tipo de coisa, porque antes de mais nada deveria ser dialogado e dado um prazo flexível para que esses comerciantes ou licenciados...

 

O SR. LUIZ MACHADO: Nobre Vereador, os comerciantes dizem que até mesmo estão dispostos a legalizar e pagar qualquer valor de imposto para ficar ali.

 

O Sr. Nereu D’Ávila: Vereador, nesse ponto V. Exª tem que entender uma questão: é que nem sempre todas as atividades, ou pelo Plano Diretor, ou mesmo por serem sazonais, nem todas as atividades podem receber um alvará permanente. Essa questão eu me limito por não estar por dentro de que tipo de comércio, me limito a nem discutir. Não é isso, Vereador, a denúncia de V. Exª, o mérito dela é pela arbitrariedade, porque vi a notificação e ela é arbitrária.

Quanto ao comerciante receber alvará permanente, essa é uma questão pertinente à Administração discutir com eles, porque nem sempre é possível, mesmo que eles estejam querendo pagar, às vezes, por uma questão qualquer, não é possível que ele seja efetivo, mas pode continuar transitório.

 

O SR. LUIZ MACHADO: Agradeço o seu aparte. Quero dizer que contra os pequenos comerciantes qualquer um tem força de atacar, agora, contra os grandes comerciantes, como o Poko Preço, da Vila Restinga, que lá se instalou arbitrariamente, porque a zona é extensiva, passou por nós a documentação, pela associação, lá está instalado, e lá está trabalhando, lamentavelmente. Isso aí ninguém fez nada, ninguém está fazendo. Eu coloquei, numa visita que fiz ao Prefeito Olívio Dutra este ano, que o Poko Preço não tinha o por que ser colocado em área extensiva, porque não tinha condições legais para estar no local, e eles colocaram a mão por cima.

 

O Sr. Nereu D’Ávila: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) V. Exª tem razão e faço um desafio, também nesse sentido, porque se a Administração está atacando os pequenos, tem que atacar os grandes também, e dou um alerta para a Administração. O Bamerindus, da 24 de Outubro, com dez andares, não tem alvará, que eles façam a mesma notificação para o Bamerindus, quero Ver.

 

O SR. LUIZ MACHADO: Agradeço o seu aparte.

 

O Sr. Giovani Gregol: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, estou lhe ouvindo, e queria dizer que nós, da Administração Popular compramos, sim, entre aspas, brigas com pequenos, se for necessário, e principalmente com os grandes. Inclusive tivemos oportunidade, nobre Vereador - e V. Exª sabe -, de por falta de alvará impedir a inauguração do Mac Donalds. Creio que o nobre Ver. Nereu D’Ávila não considera o Mac Donalds, maior empresa de lanches do mundo, um pequeno comerciante, um pequeno proprietário. Enfrentamos o Mac Donalds porque estava ilegalmente inaugurando a sua loja, e não fomos apoiados pelo Ver. Nereu D'Ávila e nem por sua Bancada. Muito pelo contrário, fomos criticados por isto porque deveríamos, mesmo sem alvará, permitir a inauguração daquela obra.

Eu queria ainda completar, sem entrar no mérito da sua denúncia, nobre Vereador, dizer que nem todos aqueles proprietários - alguns sim, mas nem todos aqueles proprietários - aos quais se refere V. Exª são pequenos proprietários; alguns eu conheço há muitos anos, porque morei naquela região, alguns, inclusive, enriqueceram com aquelas tendas e, inclusive, algumas tendas começaram pequenininhas, e sem licença da Prefeitura, e do dia para a noite foram se ampliando e tomando a área pública.

Concluindo, deve-se discutir melhor esta questão.

 

O SR. LUIZ MACHADO: Sou grato pelo aparte de V. Exª e para concluir, quero dizer que, em virtude do momento em que estamos vivendo, neste Pacote Econômico que não agradou ninguém, não agradou nem trabalhadores e nem empresários, simplesmente, agora, momentos destes, a saída do verão, no momento em que aquele comércio deixa de produzir, deixa de trabalhar porque é o momento de saída do verão - e este momento é difícil -, eles não têm dinheiro nem para a sobrevivência própria. E neste momento, eu acho que a Frente Popular vai pensar e vai refletir que não é o momento desta autuação. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Encerrado o período de Comunicações, passamos ao período de

 

EXPLICAÇÃO PESSOAL

 

Com a palavra, o Ver. Adroaldo Corrêa, pelo tempo de 5 minutos.

 

O SR. ADROALDO CORRÊA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o motivo de vir à tribuna no período de Explicações Pessoais é, objetivamente, por ser jornalista e discordar de uma informação hoje transcrita no “Informe Especial”, do Jornal Zero Hora, naquilo que é chamado de coluna, no aspecto negativo. Diz aqui que “os Vereadores de Porto Alegre definiram para si um aumento de salários e que eles serão reajustados a cada dois meses, atitude nada elogiável num momento em que o Governo tende a definir uma política salarial com aumentos a cada três meses ou quatro meses” Eu não votei. Tenho certeza de que nenhum dos Vereadores desta Legislatura votou tal matéria. Isso é uma inverdade, não corresponde aos fatos. O jornalista que escreveu esta matéria não está atento à informação, está desinformado e manipulando a informação, e portanto, a opinião pública.

Esta Câmara de Vereadores está subordinada à Constituição Federal, está subordinada pela Legislatura anterior ao fixar os reajustes dos Vereadores desta Legislatura.

Não votei. E proponho à Mesa, para isto, em caráter pessoal, e proponho que as lideranças dos outros partidos se somem a esta perspectiva, de que a Mesa responda a esta informação, porque ela é inverídica, ela não condiz com a necessidade de informar à população a respeito dos Vereadores que ganham muito. Ganham muito. Ganham mais que a maioria dos trabalhadores do País? Ganham mais. É injusto tal ganho? Pode ser. Não concordo é que digam que eu e os demais Vereadores desta Legislatura tenhamos votado aumentos para si nesta Legislatura. Além de que não conhecer a Constituição, além de não conhecer a legislação aprovada aqui em dezembro do ano passado, em outra Legislatura, este jornalista não respeitou esta Câmara no momento que divulga uma inverdade desse tamanho.

Não defendo os vencimentos dos Vereadores nestas proporções. Poderíamos, talvez, até diminuir se fosse esta a nossa possibilidade legal. Não podemos nesta Legislatura mexer nos nossos vencimentos. Isto está impedido pela Constituição.

E outra coisa que queria salientar é que a perspectiva de estar bimestralmente acompanhando o servidor público é apenas uma coincidência, porque o Decreto Legislativo que instrui a Modificação Salarial nesta Legislatura coincidiu na bimestralidade. É apenas por isso; porque é outra Lei, é uma Lei deste Legislativo. Não é um decreto vinculado ao Plano de Carreira aqui nesta Câmara.

Não é por querer ganhar este dinheiro, nem por querer mais ou ganhar menos, é apenas para registrar que este fato, aqui colocado em um jornal de 250 mil exemplares de tiragem, que chega a um milhão de leitores neste Estado, que é repercutido nas emissoras de rádio e televisão deste País, este jornal não pode permitir este tipo de coisa. Não deve permitir este tipo de coisa, até porque sei que não deveria permitir, porque fui - e estou com o contrato suspenso -, funcionário desse jornal, e sei que ele não permite a inverdade em suas páginas. E, se não permite, tem que reparar esse erro, porque é um erro profundo contra esta Legislatura e esta Câmara de Vereadores. Acho que se deve justiça, quando se quer fazer; mas injustiça, nesse ponto de vista, é propaganda que se faz contra a política, contra a ação política dos Vereadores desta Cidade.

Encaminho, através das representações que tem nesta Casa, um Projeto de Lei baixando os salários dos Vereadores, que votaremos, e definiremos nossas posições. Agora, não façam através dos jornais, porque nós não dominamos essas páginas, um acinte contra uma Legislatura, que neste momento não tem atribuição de votar os seus vencimentos, portanto, não está legislando em causa própria.

Queremos o desmentido amanhã, e com certeza teremos, porque colegas nossos estão aqui acompanhando esta Sessão. Com certeza acreditando na imparcialidade desse jornal, que afirma que a verdade é o seu propósito, então teremos o desmentido amanhã. Mas se não tivermos o desmentido amanhã, vamos pedir à Mesa da Câmara que encaminhe uma nota oficial, em nome desta Legislatura, que assumiu sim um caráter político novo, que tem um compromisso com a defesa dos interesses do povo, e que nós não estamos votando nossos vencimentos. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Vieira da Cunha.

 

O SR. VIEIRA DA CUNHA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, era outro assunto que tinha, mas não poderia furtar, em nome da Bancada do PDT, também me manifestar, atendendo inclusive o chamamento do Ver. Adroaldo Corrêa, é a respeito da questão da remuneração dos Vereadores desta Casa. Fato este amplamente noticiado, hoje, na imprensa desta Cidade. E dizer, efetivamente, que o Ver. Adroaldo Corrêa tem razão, e eu trago aqui o dispositivo constitucional que trata da matéria, é o art. 29 da Constituição Federal, inciso 5º, que trata da atribuição do Município. E, esse inciso 5º diz: “Remuneração do Prefeito, do Vice-Prefeito, dos Vereadores, fixada pela Câmara de Vereadores, em cada Legislatura para a subseqüente...”

Portanto, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, é a própria Constituição que fixa que uma legislatura é que estabelece uma remuneração para viger durante toda a outra. Então, Ver. Adroaldo, ao mesmo tempo em que nós temos que retificar esta informação que passou à opinião pública a imagem equivocada de que nós estaríamos nos auto-aumentando – e isto não é verdade –, nós apenas temos que cumprir uma lei que foi votada pelos nossos colegas que nos antecederam. Aí é importante que a população saia que os colegas que nos antecederam estabeleceram critérios diferentes daqueles que estavam em vigência na Legislatura passado. E qual era o critério que vigia na Legislatura passada? O salário do Vereador de por era correspondente a 2/3 dos vencimentos dos Deputados Estaduais. Então, os Vereadores de Porto Alegre recebiam aumentos, quando recebessem os Deputados Estaduais, na mesma proporção e nos mesmos índices. Está aqui o Ver. Dilamar Machado, que foi Deputado Estadual, acenando afirmativamente com a cabeça, dizendo que efetivamente era isto que ocorria. Se tal critério tivesse sido mantido, Ver. Adroaldo Corrêa, nós aqui estaríamos ganhando quase o dobro, se não o dobro do que hoje estamos recebendo nesta Casa. Então, não se vá fazer injustiça com os nossos colegas da Legislatura passada. Por quê? Porque, na verdade, os Vereadores da última Legislatura reduziram os salários dos Vereadores de Porto Alegre, no momento em que desvinculavam a remuneração nossa da dos Deputados Estaduais. Agora, estamos vinculados – aliás, não há, como bem disse o Ver. Adroaldo Corrêa, esta vinculação na Lei – simplesmente, os mesmos critérios de reajustes do funcionalismo municipal são os nossos critérios. Então, não há maior injustiça! Nós recebemos reajustes bimestrais, é verdade, mas porque os funcionários municipais também recebem reajustes bimestrais. E nós recebemos 40,36%, porque os funcionários municipais receberam 40,36%. O que diz a Lei que trata dos nossos vencimentos a respeito do índice e do período de reajuste, é o mesmo que diz a Lei que trata do reajuste do vencimento dos funcionários municipais, isto é, os nossos vencimentos serão reajustados bimestralmente, de acordo com o índice oficial, verificado no período.

Então, realmente, a matéria na forma como foi divulgada, dá a entender à população de Porto Alegre que nós estamos nos auto-beneficiando com alguma coisa, o que não corresponde à realidade. Não fomos nós que criamos a Lei, esta Lei foi criada pelos colegas que nos antecederam e ainda em prejuízo nosso. Tanto assim que se usando o critério da lei anterior, nós estaríamos recebendo o dobro do que recebemos hoje. Lembra-me o Ver. Lauro Hagemann que esta Lei, votada na Legislatura passada, retroagiu a julho de 1988. Então, desde essa data que são outros os critérios, pegando, inclusive, um período da Legislatura passada.

 

O Sr. Nereu D’Ávila: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Meu aparte é, acrescentando aos dois discursos que V. Exª e o orador anterior fizeram, no sentido de repor esta questão. Não é querer puxar a brasa para a Câmara de Porto Alegre, que isto seria ridículo, mas a verdade é que a Câmara de Porto Alegre se pauta por ser comedida. Se um erro ou outro é cometido, é em nome da natureza humana, mas jamais no sentido de fazer exageros com o dinheiro do povo. A notícia dá a entender que outras categorias de trabalhadores teriam aumentos mais dilatados, o que também não corresponde à verdade. Os jornais de hoje estão dizendo que vai haver uma medida provisória, mas será ainda assinada pelo Presidente, para os aumentos serem trimestrais, por enquanto eles são bimestrais, inclusive no Estado. Do modo que está vinculado ao texto constitucional, em vigência em todo o País.

E mais, Vereador: eu lamento, também, que se coloque isto, porque dá a entender coisas que não são verdades. O Jornal do Brasil ainda é pior, porque coloca o seguinte: “Vereadores do Sul têm aumento bimestral e acham que ganham mal”. Mas ninguém de nós está dizendo que ganha mal, pelo contrário, eu acho que o Vereador de Porto Alegre pode até estar ganhando bem, em relação aos que ganham mal, mas em relação ao resto dos Vereadores das capitais... Não dá nem para comparar. Então, eu creio que V. Exª soma com muita autoridade a voz, porque: 1º) ninguém desta Legislatura é autor disto; 2º) porque os anteriores também não fizeram senão cumprir o que a Constituição vedava, que era a vinculação aos Deputados; 3º) que parta aqui do Sul, incluindo os nossos jornais, de tão larga tradição, o exemplo de austeridade, que a Câmara de Vereadores não é um mau exemplo de austeridade, o é de seriedade.

 

O SR. VIEIRA DA CUNHA: Eu finalizo, Sr. Presidente, apenas para dizer o seguinte: se por um lado nós não poderíamos, mesmo que quiséssemos, aumentar os nossos salários, por outro lado é preciso que estas vozes demagógicas que já vêm surgindo nesta Câmara e nesta Legislatura, dizendo que os nossos vencimentos são muito altos e que têm que ser rebaixados, estes, têm que ler o livrinho, a Constituição, porque se não nos cabe aumentar os salários, também não nos cabe reduzi-los. Sou grato.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. José Valdir.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, há frases que a gente ouve principalmente na adolescência ou lê e não esquece jamais. Eu, por exemplo, tenho uma frase que li no livro o “Conde de Monte Cristo” que dizia assim: “Aguardar e esperar, nisto se resume toda a humana sabedoria”. Guardei esta frase. Uma frase que o meu pai nos seus raros e inconfessos momentos de ateísmo dizia: “Aqui se faz, aqui se paga”. Ou para plagiar o nosso filósofo Clóvis Brum: “Nada como um dia depois do outro”.

Em janeiro eu estreei nesta tribuna colocando uma discussão que foi suscitada a partir da discussão dos CIEMs, a respeito da relação da desnutrição com o aproveitamento escolar. E eu dizia, na ocasião, e por isso fui espezinhado e incompreendido, de propósito ou não, que não estava provado no campo da ciência pedagógica que a desnutrição impedia o aprendizado nas classes populares. Dizia que não estava provado. Que esta era uma questão polêmica. Dizia que o alto índice de reprovação na escola não poderia ser atribuído, única e exclusivamente ao problema da subnutrição, mas aos métodos pedagógicos utilizados. E dizia que a merenda devia ser mantida, ampliada, mas que a merenda não daria a solução para este problema da desnutrição, visto que este problema tinha as suas causas no modelo de desenvolvimento econômico que temos no País e que a cada minuto a fome e a miséria estavam se formando. Pois bem, naquela ocasião, apresentando estudos feitos em São Paulo por especialistas, recebi os apartes costumeiros anti-regimentais, dizendo que eram estudiosos do PT, por parte do Ver. Dilamar; ouvi o Dr. Zanella se transformar numa grande autoridade em matéria educacional, ele que é pouco familiarizado com esta tarefa, visto que nunca lecionou numa vila popular, mas agora descobri por acaso resposta a um questionário que foi encaminhado à Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul, talvez, não sei por que cargas d’água esta resposta não veio a público, mas acontece que a Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul publicou no seu boletim informativo, e coloca exatamente aqui que eu havia dito aqui e que fui mal compreendido, ironizado, e até alguns Vereadores disseram que eu não entendia nada do assunto. Algumas colocações são interessantes, depois de dizer alguns efeitos que tenha a subnutrição e dizendo que se ela ocorrer na primeira fase escolar, nos primeiros anos de vida ela mata, diz assim: “As carências moderadas e tardias acima dos cinco anos alteram a saúde como um todo, influente no desenvolvimento psicomotor e intelectual. São parte de um complexo de privações psico-econômico-social que afetam a criança em todo o seu desempenho de pessoa”. Depois diz: “A desnutrição é apenas uma faceta do problema, ocorrem em 90% dos casos e além de ser um problema médico, é mais um problema político-social”. E diz ainda: “Sabe-se, pois, que por muito tempo a desnutrição foi usada para encobrir falhas no sistema educacional e do modelo político-econômico e, portanto, uma criança bem nutrida poderá ser melhor do que uma mal nutrida, mas que esta requer método de ensino adequado à problemática. A merenda escolar é um complemento alimentar, visa apenas a saciar a fome do momento ou do dia, não vai alterar ou evitar a desnutrição infantil, serve para suprir apenas 15% das necessidades nutricionais diárias.”

Então eu encerro aqui, citando a moderna filosofia do nosso ilustre filósofo Clóvis Brum, e a sua famosa frase clovisbrumiana, que é “nada como um dia depois do outro”. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa quer comunicar aos Srs. Vereadores ainda presentes ao Plenário que logo após esta Sessão, nós teremos necessidade de uma Sessão Extraordinária, para a Pauta, a fim de podermos dar andamento ao Projeto da ADVB no novo prédio.

Com a palavra, o Ver. Dilamar Machado.

 

O SR. DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Ver. João Verle não se fez entender porque ele ouvia com tanta atenção quanto esse Vereador, ou o Ver. José Valdir não entendeu o laudo da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul. Ver. Mano José, que é médico, deve ter ficado espantado com a lógica do nosso ilustre Professor e Vereador do PT, mas é indiscutível, Ver. José Valdir , não se discutia, naquela ocasião e não foi o tema de V. Exª, a merenda escolar. O que se discutia no início dessa Legislatura era o pé em cima de um projeto grandioso, revolucionário no setor educacional, que é o Projeto dos Centros Integrados de Educação Municipal. Se discutia era a amplitude do Projeto Educacional lançado no Rio de Janeiro pelo Governador Brizola, e lançado em Porto Alegre pelo Prefeito Alceu Collares. Quando o PDT projetou esse Projeto Educacional, não foi efetivamente para manter a merenda escolar. Até porque é sabido que a merenda escolar é desviada, que a verba da merenda é usada para outras atividades, político-eleitoreiras ou não, que a merenda é roubada das escolas. E ainda ontem, de manhã, se discutia numa Comissão sobre segurança o que o Projeto do PDT procurou implantar, especialmente nas regiões periféricas mais carentes, mais pobres, mais miserabilizadas, foi o amplo atendimento educacional e alimentar das crianças, que começava com o café da manhã, com o almoço, com lanche da tarde, com a ambientação da criança à escola, com o banho, com assistência educacional após a aula, com a área de lazer, porque todos os projetos de CIEMs têm ginásios de esportes, e V. Exªs conhecem muito bem o CIEM João Belchior Marques Goulart, lá da Vila Elizabete, onde tem inclusive várias canchas polivalentes para prática escolar.

Mas é indiscutível, Vereador, já que V. Exª vem com ditados de infância, eu vou lembrar um também que meu velho pai, que não era Deus, usava: “Saco vazio não para em pé.” Esse é um ditado comum, é do povo, qualquer comadre lavadeira, ali da Vila Nova Gleba, vai concordar comigo. Saco vazio não pára em pé. Se uma criança chegar na escola com fome, ela desmaia em cima do banco escolar. E é indiscutível também, Vereador, é indiscutível, que a desnutrição, a subnutrição, eu não sou médico, não tenho nenhuma pretensão de ingressar pelos terrenos da ciência médica, mas qualquer cidadão comum dessa Pátria, sabe que a desnutrição na idade inicial da criança, causa a morte das células cerebrais. E essas células são irrecuperáveis, eu não sei se o nosso Dr. Mano José concorda comigo, mas parece que são as únicas células do organismo humano que não se recuperam. Daí o drama de um derrame cerebral, de um aneurisma, de uma trombose cerebral, a célula destruída na infância, na primeira infância da criança miserável. E V. Exªs sabem nas vilas populares, farinha com água, café sem açúcar e sem pão, sopa de papel, como é comum fazer nas vilas populares as pobres mães desesperadas, abandonadas pelos maridos, que alimentam os seu filhos, com água, papel e sal, para que a criança pelo menos pare de chorar.

É indiscutível que a subnutrição, que a desnutrição prejudicam o aprendizado. V. Exª acabou de ler um documento sólido, sério, sóbrio. Aproveite, Vereador, se V. Exª não for colorado e não for ao Beira Rio hoje à noite, aproveite hoje, lá na sua casa da Nova Gleba para reler este documento, analisá-lo e vir aqui amanhã dizer: “Efetivamente a Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul me abriu a cabeça. A desnutrição, a fome, a desassistência à criança da vila prejudicam o seu aprendizado”. Indiscutivelmente, prejudicam. Não se discutia a merenda escolar, quando os médicos falam na merenda escolar, os pediatras, eles têm razão, a merenda escolar via de regra não tem os ingredientes básicos de alimentação de uma criança pobre, especialmente as crianças pobres. A merenda escolar é simples, ela é comum, via de regra, ou é um pão com manteiga, um pão com chimia, enfim ajuda - é verdade -, a criança que está desesperadamente faminta.

O que o Projeto do CIEM prevê, Vereador, e eu sei que o Partido de V. Exª ainda vai tirar o pé de cima e colocar as mãos nesse projeto, ele é um projeto revolucionário, são projetos elogiados internacionalmente, é um Projeto que prevê a criança receber assistência também alimentar, a partir do café da manhã, do almoço, do café da tarde e, se possível, a janta antes de ir pra casa.

Eu vou dizer a V. Exª que como membro da Administração muitas vezes visitei os CIEMs e fui almoçar, juntamente com o Prefeito, sem aviso, é verdade, e muitas vezes nos alimentamos daquela refeição básica do CIEM, efetivamente muito bem feita, balanceada, e não tenho nenhuma dúvida ao afirmar: foi um avanço que o Partido dos Trabalhadores não pode retirar, foi uma conquista da classe periférica.

 

O Sr. José Valdir: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Dilamar Machado, acho que está se discutindo e foi este o meu objetivo, foi discutir a relação – ninguém afirmou que a fome não prejudica, que a desnutrição não prejudica. É estabelecer a dimensão disso, que não pode responsabilizar o mau desempenho escolar apenas por este aspecto. O outro aspecto, que é mais fundamental, é a questão dos métodos didáticos e pedagógicos que se utiliza dentro da escola. É apenas isso e foi sempre isso que eu afirmei. Nunca fui contra a merenda escolar e nem afirmei que a fome não prejudica. O que V. Exª coloca, eu vivencio na prática. Estamos discutindo desnutrição, o que é diferente.

 

O SR. DILAMAR MACHADO: Eu quero encerrar, Sr. Presidente, dizendo ao Ver. José Valdir que também os baixos salários dos professores, a baixa remuneração, o desprestígio do magistério, a falta de professores nas escolas – 7 mil professores cedidos no Estado para a Assembléia, não sei onde mais, para as Prefeituras, e que não estão nas salas de aula, tudo isso prejudica.

Agora o que não posso e não quero é que o Partido dos Trabalhadores desfaça um projeto grandioso como o Centro Integrado de Educação Municipal. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Nada mais havendo a tratar, declaro encerrados os trabalhos.

 

(Levanta-se a Sessão às 17h22min.)

 

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